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As notícias sobre o processo de insolvência da Unitefi-Industrias Têxteis da Figueira, S.A., uma das mais emblemáticas empresas têxteis da Figueira da Foz, têm-se sucedido na comunicação social ao longo dos últimos meses. A empresa tem 130 trabalhadores, com salários em atraso desde julho e os contratos estão suspensos desde setembro.

Portugal precisa de um ajustamento estrutural da sua elite económica. Vivem claramente acima das nossas possibilidades. Capturam o Estado e fazem dele o alicerce da sua acumulação de riqueza, descapitalizando-o para o exercício das funções que uma sociedade frágil e pobre exige. Servem de intermediários da finança internacional e, como seus representantes em Portugal, põem e desfazem governos à medida das necessidades de negócio de cada momento

Com o encerramento da Unitefi, 130 trabalhadores perderam esta semana o seu posto de
trabalho. Simultaneamente, levantam-se suspeitas sobre legitimidade de práticas associadas à insolvência desta empresa. Em situação pouco menos delicada estão os pescadores que há cerca de dois meses não saem para o mar. Abusos e uma legislação laboral desadaptada obriga muitos a recorrer todos os anos ao fundo de desemprego, para terem um rendimento durante o inverno, na esperança de voltarem a ter contrato quando retoma a faina.

Nunca ouvimos falar tanto sobre o Banco Central Europeu como em tempos de crise e percebe-se porquê. Foi neste período que o Banco tomou a dianteira no contexto europeu.

A Figueira ainda hoje sofre das extravagâncias financeiras resultantes daquilo que se designa por obra feita. Foi tanta a obra feita que agora estamos feitos com tanta dívida. Mas parece que os partidos do poder ainda não aprenderam. Com a camisola do executivo, enumeram-se obras, basicamente tudo o que envolva andaimes e tijolos conta para a lista.

Fernando Rosas lançará hoje o seu novo livro - "Salazar e o Poder. A Arte de Saber Durar" - na Almedina Estádio, pelas 21 horas. Conta com apresentação de Álvaro Garrido (FEUC)

Na política faz-se a luta a partir de valores e de projectos de transformação social. Não partilho os valores do PSD ou do CDS, os partidos do governo, mas a democracia é plural e assim deve continuar a ser. Nos últimos tempos dei por mim a perguntar-me: até onde está a ir a cedência ao seu próprio programa por parte dos partidos do governo? Sim, porque não necessito de partilhar os valores da social-democracia, defendidos pelo PSD, ou da democracia cristã, defendidos pelo CDS, para reconhecer que quem representa os respectivos partidos os representa igualmente.