Quando estudei em Estrasburgo, aos fins de semana costumava ir de bicicleta até Offenbourg, uma cidade a 35 km de distância do outro lado da fronteira, na Alemanha. O percurso era urbano e campestre. Não era composto por um único metro de pista específica para bicicletas.
O piso dessa imensa rede de pistas cicláveis alternava entre alcatrão, cimento ou terra batida. As secções mais sofisticadas eram revestidas por uma simples tinta colorida que oferecia melhor aderência, ladeadas por pinos que impediam o estacionamento e a circulação de automóveis. Em geral, as pistas para ciclistas eram simplesmente assinaladas por traços a tinta ao longo da estrada e por sinalização adequada. As ciclovias aproveitavam uma série de percursos pedestres urbanos, túneis, carreiros e caminhos previamente existentes, bermas de estrada e secções de passeios.
O executivo figueirense decidiu finalmente implementar vias cicláveis no concelho sublinhando contudo que estas vias obrigam a um piso próprio e específico. Ora, a geografia do concelho da Figueira permite a implementação fácil e a baixo custo de uma imensa rede de pistas cicláveis. Para tal pouco mais bastaria que uns traços de tinta na estrada, uma sinalização bem visível e algumas alterações de trânsito bem pensadas, tal como se faz nos países mais ricos que o nosso. Mas não, nadamos em dinheiro e vamos repetir o erro da caríssima amostra de ciclovia com piso específico implementada por Santana Lopes.
As Beiras, 21 de Março de 2013