Na última assembleia municipal, João Carronda proferiu um sentido e desesperado discurso contra o processo de reorganização administrativa realçando a mediocridade deste processo, aliás bem à imagem do seu promotor: Miguel Relvas.
Não é a fusão ou o rearranjo de freguesias que está em causa. O mapa territorial de parte das freguesias portuguesas reflete uma lógica de repartição urbana que provém da Idade Média, reflete conflitos entre bispos, mosteiros, paróquias, descendentes legítimos e bastardos. Séculos depois, muitos desses mapas revelam-se completamente desajustados à realidade atual. Alguns deles são uma aberração desde a sua criação.
Num processo de reorganização administrativa onde se evitou tocar nas questões mais relevantes (empresas municipais e concelhos), Relvas atacou o elo mais fraco: as freguesias. Como se esperava, zangaram-se comadres e o populismo fácil imperou. Mas o processo de fusão de Buarcos revelou um calculismo político malicioso de assinalar.
Apesar das lágrimas de crocodilo vertidas a nível local, o mesmo partido que foi responsável por este processo não perdeu a oportunidade para lançar uma golpada à hegemonia histórica do PS em Buarcos.
Perante opções mais coerentes a todos os níveis, a fusão entre São Julião e Buarcos só se explicar pela tentativa de diluir a vantagem do PS em Buarcos no voto urbano de São Julião. À revelia de critérios geográficos, históricos e culturais perdem Buarcos e São Julião.
As Beiras, 7 de Março de 2013