A inflação está em 7%, a mais alta dos últimos trinta anos. O governo deixa cair os salários enquanto recusa intervir nos preços para travar a especulação. O povo empobrece, mas a especulação continua “a criar excêntricos de um dia para o outro”.
Na crise financeira de há quinze anos, as loucuras da banca foram pagas por quem vive do seu trabalho e teve salários cortados e menos serviços públicos; na pandemia, quem vive na precariedade ficou ainda mais vulnerável; no atual ciclo de inflação, a especulação continua à solta e os salários encolhem sob a pressão dos preços. Enquanto isso, a fina película dos 1% mais ricos da população já controla mais de 80% da riqueza mundial.
Esta crise de inflação é gerada do lado da oferta - especulação nos combustíveis e nas margens de lucro da distribuição alimentar. O Partido Socialista quer negar essa realidade para convencer o país de que atualizar salários e pensões seria perigoso. O que estamos a viver é uma inflação nascida da especulação com os preços. Não é um perigo, é já uma realidade à qual o PS não responde, pois recusa-se aplicar controlo de preços.
Os salários ficam mais longe do fim do mês, mas os administradores das maiores empresas portuguesas aumentaram os seus próprios rendimentos em 90% enquanto anunciavam distribuição de milhões em dividendos aos acionistas. Estamos perante a transferência de rendimentos dos trabalhadores para os capitalistas, pela via da inflação.
A REALIDADE DOS SALÁRIOS
40% dos jovens recebem o salário mínimo
Metade dos trabalhadores recebem menos de 1000 euros
1 em cada 10 recebe menos de 554€ (limiar da pobreza)
70% dos novos empregos são precários
O BLOCO PROPÕE
Aumento intercalar de todos os salários
Aumento imediato do salário mínimo em 30 euros
Controlar preços dos bens essenciais
Taxar os lucros excessivos do setor da energia e da grande distribuição