A 11 de fevereiro de 1948 faleceu Serguéi Eisenstein. Foi um dos mais importantes cineastas soviéticos. Relacionado com o movimento de arte de vanguarda, participou ativamente na Revolução de 1917. Notabilizou-se pelos filmes mudos: "A Greve", "O Couraçado Potemkin" e "Outubro". Por António José André.
Sergei Eisenstein nasceu a 23 de janeiro de 1898, em Riga (Letónia). Estudou Arquitetura e Belas Artes. E frequentou o Instituto de Engenharia Civil de Petrogrado, antes de se envolver na Revolução de Outubro. No Exército Vermelho trabalhou como responsável de decoração, diretor e intérprete de pequenos espetáculos.
A experiência de Eisenstein como diretor de cena do Teatro Operário (1920) impulsionou-o a estudar direção teatral, desenvolvendo uma conceção de arte dramática baseada na justaposição de imagens de forte conteúdo emocional.
O seu primeiro contacto com o cinema foi a rodagem de uma curta-metragem incluída na montagem da obra teatral, "O Diário de Glomov" (1923).
Eisenstein começou a interessar-se pelo novo meio artístico e rodou a longa-metragem "A Greve" (1924), com uma famosa sequência em que utilizou a imagem de gado abatido no matadouro intercalada com a imagem de trabalhadores fuzilados por soldados czaristas.
Depois, foi encarregado de rodar um filme comemorativo da Revolução de 1905, que se tornaria a sua obra mais célebre, "O Couraçado Potemkin (1925). Considerada uma das maiores realizações do cinema mudo, a cena do motim no barco e a vertiginosa cena de ação da escadaria constituem marcos decisivos na configuração da linguagem cinematográfica.
Em 1927, Eisenstein realizou o filme "Outubro", reconstrução dos decisivos acontecimentos de 1917, baseado na obra do jornalista norte-americano, John Reed, "Os Dez Dias que Abalaram o Mundo". Começou a ter sérios problemas com a censura soviética, que o levaram a assinar um contrato com a Paramount e a mudar-se para os Estados Unidos.
Mas não conseguiu obter autorização de residência, nem realizar qualquer projeto. Eisenstein foi então para o México, onde rodou o filme incompleto, "Que viva o México!", onde ensaiou diferentes montagens. A Metro adquiriu, em leilão, uma parte dos negativos, que usou em "Viva Villa!". Outra parte ficou com o produtor, Sol Lesser, que com eles realizou "Tormenta sobre o México". Uma amiga de Eisenstein, Mary Seaton, utilizou outra parte dos negativos no filme "Tempo ao Sol", que influenciou posteriormente o cinema mexicano.
Depois da sua fraca experiência como cineasta no exílio, regressou à União Soviética. De novo, teve grandes dificuldades em desenvolver o seu trabalho. A rodagem de "O Prado de Bezhin", baseada num conto de Iván Turguénev, foi interrompida pela censura.
Eisenstein dedicou-se então a escrever textos teóricos, enquanto os ataques políticos contra a sua obra e a sua pessoa se intensificavam. Estes ataques não o impediram de filmar "Alexander Nevski" (1938), o seu primeiro filme sonoro (com música de Sergey Prokofiev).
Com "Ivan o Terrível" (1943), Eisenstein iniciou um ambicioso projeto biográfico em torno da figura do Czar Ivan IV da Rússia, cuja estrutura original consistia em três partes. A obra foi interpretada pela burocracia soviética como uma denúncia do culto da personalidade de Estaline. A segunda parte do projeto, "A Conjura dos Boyardos" foi banida até à morte de Estaline, em 1953.
Sergei Eisenstein faleceu, em Moscovo, a 11 de fevereiro de 1948. Destacou-se como teórico nas obras: "Teoria e Técnica Cinematográfica", "A Forma no Cinema", "Reflexões de um Cineasta" e "A Realização Cinematográfica" e em muitos artigos e ensaios.