No dia 2 de novembro de 1975, morreu o realizador e escritor italiano, Pier Paolo Pasolini. Na sua vida e obra, Pasolini demonstrou uma versatilidade cultural que o transformou numa figura controversa. Por António José André.
Pasolini nasceu a 5 de março de 1922, em Casarsa Della Delizia (Friul, norte de Itália). Era filho de Carlo Alberto Pasolini, militar de carreira, e de Susanna Colussi, professora primária. Em 1939, licenciou-se em Literatura pela Universidade de Bolonha.
Em 1947, Pasolini aderiu ao Partido Comunista Italiano e participou em várias manifestações. Em 1949, participou no Congresso da Paz, em Paris. Em outubro desse ano, foi acusado de corrupção de menores e atos obscenos, sendo expulso do Partido Comunista.
Antes de ser famoso como realizador, Pasolini foi poeta e novelista. Entre as suas obras mais conhecidas estão "Meninos da Vida", "Petróleo" e "Uma Vida Violenta", onde o tema central era o indivíduo que leva a vida à margem da sociedade.
Pasolini trabalhou como jornalista e roteirista para realizadores como Fellini, entre outros. Seguiram-se as suas primeiras longas metragens - "Accattone" (1961) e "Mamma Roma" (1962) - influenciadas pelo neo-realismo italiano.
Pasolini dirigiu a “Trilogia da Vida” - “Decameron” (1970), “Contos de Contos de Canterbury” (1973) e “As Mil e Uma Noites” (1974) - filmada na Etiópia, Índia, Irão, Nepal e Iémen. Esses filmes foram proibidos em muitos países.
O seu último filme, “Saló ou Os 120 dias de Sodoma” (1975), onde adaptou uma obra do Marquês de Sade ("Les 120 journées de Sodome") ambientando-a ao curto período da República fascista de Salò - filme forte e controverso ainda nos dias de hoje.
Pasolini usou a palavra e a imagem para se posicionar contra o conservadorismo da sociedade italiana. (fortemente ligada à Igreja Católica). Distinguiu-se como poeta, jornalista, filósofo, linguista, romancista, dramaturgo, realizador, ator e pintor.
Pasolini foi brutalmente assassinado em novembro de 1975. Tinha o rosto desfigurado e várias lesões no corpo. Os motivos do seu assassinato continuam a gerar polémica até hoje, tendo sido associados a crime político ou latrocínio.
Existem estudos, filmes e programas televisivos que deitam abaixo a versão acatada pela justiça italiana. Em 2005, Pino Pelosi declarou não ter sido o assassino de Pasolini, depois de ter cumprido uma pena como assassino confesso.