No dia 4 de março de 1932, nasceu Miriam Makeba. Foi uma cantora sul-africana e ativista na luta pelos direitos humanos e contra o racismo. Makeba, que simbolizava a luta contra o apartheid, esteve marginalizada durante mais de três décadas pelo regime racista sul-africano. Por António José André.
Miriam Makeba nasceu no dia 4 de Março de 1932, em Joanesburgo. Nos anos 50, começou a participar no grupo Manhattan Brothers, cantando uma mistura de blues com ritmos tradicionais sul-africanos.
Em 1960, participou no documentário anti-apartheid "Come Back, Africa" e esteve presente no Festival de Veneza. A receção que teve na Europa e o que enfrentava na África do Sul fizeram com que resolvesse não regressar ao seu país.
Em Londres, encontrou-se com Harry Belafonte (cantor e ator afro-americano), que viria a ser responsável pela entrada de Makaba no mercado norte-americano. Através de Belafonte, gravou vários discos de grande popularidade.
A sua canção "Pata Pata" tornou-se um sucesso mundial. Em 1966, os dois ganharam o Prémio Grammy (categoria de música folk) com o disco "An Evening with Belafonte/Makeba". Makeba também trabalhou com o brasileiro Sivuca.
Em 1963, depois do seu testemunho sobre as condições dos negros na África do Sul, perante o Comité contra o Apartheid da ONU, Makeba viu os seus discos e a sua nacionalidade banidos do país, por parte do governo racista.
Em 1968, Makeba casou-se com Stokely Carmichael (ativista do Black Power e porta-voz dos Panteras Negras), o que levou ao cancelamento dos seuscontratos de gravação e das suas digressões artísticas.
Miriam Makeba e Stokely Carmichael foram viver para a Guiné-Conakry, tornando-se amigos do presidente, Ahmed Sékou Touré. Nos anos 80, Makeba foi delegada da Guiné-Conakry junto da ONU e recebeu o Prémio da Paz "Dag Hammarskjöld".
Makeba separou-se de Carmichael, em 1973. Continuou a vender discos e a fazer espetáculos em África, América do Sul e Europa. Em 1975, participou nas cerimónias da independência de Moçambique, onde cantou "A Luta Continua"(link is external).
Em 1985, morreu a sua filha única e Makeba foi viver para a Bélgica, onde se estabeleceu. Em 1987, voltaria ao mercado norte-americano, participando no disco de Paul Simon "Graceland" e na digressão que se seguiu.
Em 1990, com o fim do regime do apartheid e a revogação das respetivas leis, Makeba regressou finalmente à sua pátria, a pedido do presidente Nelson Mandela. Na África do Sul, Makeba participou em dois filmes de sucesso sobre a época do Apartheid e sobre a Revolta do Soweto, ocorrida em 1976.
Em 2001, Makeba recebeu a Medalha de Ouro da Paz "Otto Hahn". Ela continuava a participar em concertos em todo o mundo. Os seus últimos álbuns gravados foram: "Keep Me In Mind" (2002) e "Reflections" (2004).
Miriam Makeba faleceu a 10 de novembro de 2008, no hospital de Castel Volturno (Itália), vítima de paragem cardíaca, após ter participado num concerto de apoio a Roberto Saviano (autor, ameaçado de morte pela máfia, por publicado o livro Gomorra.
Oiça aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Q1UID0vEeqI