A 27 de maio de 2003, faleceu Luciano Berio. Foi um compositor italiano, que se destacou na música experimental, cujas obras utilizavam a voz como instrumento principal. Por António José André.
Luciano Berio nasceu a 24 de outubro de 1925, em Oneglia (Ligúria). Aprendeu a tocar piano com o pai e o avô, que eram músicos. Durante a IIº Guerra Mundial foi convocado, mas no primeiro dia feriu uma das mãos, enquanto aprendia como engatilhar uma pistola.
Após a Guerra, Berio inscreveu-se ao Conservatório de Milão. Dada a impossibilidade de seguir a carreira de pianista, por causa do acidente com a mão, dedicou-se à composição.
A primeira execução pública de uma peça sua (uma suíte para piano), foi em 1947. Nesse período, Luciano Berio trabalhou como pianista acompanhador de canto lírico.
Em 1951, chegou aos Estados Unidos para estudar com Luigi Dallapiccola, em Tanglewood, e interessou-se pela escritura dodecafónica.
Luciano Berio frequentou cursos de verão do Festival de Darmstadt. Conheceu Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen, György Ligeti e Mauricio Kagel.
Em 1955, com Bruno Maderna, Berio fundou o Estúdio de Fonologia da RAI, dedicado à produção de música eletrónica e convidou vários compositores famosos, como Henri Pousseur e John Cage.
Em 1960, Luciano Berio retornou a Tanglewood, como compositor residente. Em 1962, a convite de Darius Milhaud, assumiu uma cátedra no Mills College, em Oakland (California).
Em 1965, Berio começou as suas atividades didáticas na Juilliard School de Nova Iorque, onde fundou o Juilliard Ensemble: grupo dedicado à música contemporânea.
Nessa época, Steve Reich e Louis Andriessen foram alguns dos seus alunos. Em 1966, Luciano Berio venceu o Prix Italia (concurso internacional de rádios e redes de televisão).
Em 1968, Berio compôs a sua "Sinfonia". Em 1972, retornou a Itália. Entre 1974 e 1980, a pedido de Pierre Boulez, foi diretor da secção de música eletroacústica do IRCAM, em Paris.
Em 1987, Luciano Berio fundou a Firenze Tempo Reale, centro de produção, pesquisa e didática musical para aplicações das novas tecnologias no campo musical.
Em 1994, Berio foi nomeado Emérito Compositor Residente na Universidade de Harvard, onde permaneceu até 2000. Em 2000, foi nomeado presidente da Academia Nacional de Santa Cecília, em Roma.
Luciano Berio morreu a 27 de 2003, em Roma, pouco depois de finalizar a peça "Stanze" para barítono, coro e orquestra.
As obras de Berio utilizam a voz como instrumento principal. Usou técnicas de canto conhecidas, acrescendo sons como assobios, diálogos ou estalos com a língua e lábios.