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Memórias: Georges Simenon

No dia 4 de setembro de 1989, faleceu o escritor belga de língua francesa, Georges Simenon. Foi um dos mais célebres autores dos romances policiais. As tiragens dos seus livros atingiram mais de 500 milhões de exemplares. Por António José André.

Georges Simenon nasceu a 13 de fevereiro de 1903, em Liège (Bélgica). No colégio jesuíta Saint-Servais, tomou consciência da sua inferioridade social: ele frequentava a escola em regime de semi mensalidade, especial para crianças modestas.

Simenon abandonou os estudos, antes de completar o secundário, trabalhando como aprendiz de confeitaria e bibliotecário. Aos 15 anos, tornou-se repórter no jornal católico "Gazette de Liège", assinando com pseudónimo.

Os textos de Simenon começaram a ser apreciados pelo seu tom cáustico. Colaborou com vários jornais, demonstrando uma proficuidade precoce: entre 1919 e 1922, escreveu cerca de 800 textos. Em 1920, escreveu o seu primeiro romance, "Au Pont des Arches".

Mudou-se para Paris com Régine Renchon, estudante de Belas-Artes com quem casou. Para sobreviver, escreveu romances populares a um ritmo torrencial e com os diversos pseudónimos.

Em 1928, o casal Simenon viajou de navio durante meses pelos canais e rios de França. Essa seria uma das muitas viagens que habituais e que forneceriam uma vasta paisagem para a obra de Simenon.

Em setembro de 1929, surgiu o comissário Maigret, em "Train de Nuit", escrita com o pseudónimo Christian Brulls. "Pietr-le-Letton" foi o primeiro romance do comissário Maigret, assinado por Georges Simenon e publicado, em 1930.

Em 1931, foi lançada a coleção Maigret. O comissário passou a rivalizar com personagens célebres de romances policiais (Sherlock Holmes e Hercule Poirot) por ser mais humano. O sucesso da série foi imediato.

Maigret desvendava os mais variados tipos de crimes, tendo como pano de fundo painéis e críticas sociais. Os romances começam a ser adaptados para o cinema e o prestígio do autor cresceu entre a crítica.

Simenon começou a publicar romances pela Gallimard (maior editora francesa da época), mantendo um fluxo de romances na editora Fayard. Durante a ocupação nazi, a publicação de livros foi dificultada, em França.

Em 1945, o casal foi para os Estados Unidos. Com o apoio de um novo agente literário, reorganizou a sua obra e começou a publicar pela editora francesa,"Presses de la Cité".

No final da década de 40 o seu prestígio literário cresceu na América do Norte e em zonas fora do eixo França-Bélgica, surgindo os primeiros estudos críticos sobre a sua obra.

Simenon tornou-se membro da Academia Real de Língua e Literatura francesas da Bélgica e foi eleito presidente da Mystery Writers of America, a mais importante associação de autores de crime e mistério.

Na década de 50, Simenon voltou a residir em França. Em 1972, decidiu parar de escrever. "Maigret et M. Charles" foi o 192º e último romance assinado pelo escritor.

Simenon escreveu 192 romances, 158 novelas, obras autobiográficas,  numerosos artigos e reportagens com o seu nome. E escreveu 176 romances, dezenas de novelas, contos e artigos com  diferentes pseudónimos: Jean du Perry, Georges Sim, Christian Brulls, Luc Dorsan, Gom Gut, Georges Martin-Georges, Georges d’Isly, Gaston Vialis, G. Vialo, Jean Dorsage, J. K. Charles, Germain d’Antibes, Jacques Dersonne.

Diferente de muitos autores, Georges  Simenon propunha intrigas simples com personagens fortes. Os seus romances colocam o leitor num mundo rico de formas, cores, sentimentos e sensações.