No dia dia 11 de outubro de 1963, faleceram, com poucas horas de intervalo, a cantora francesa Edith Piaf (com 47 anos) e o poeta, Jean Cocteau (com 74 anos). Artigo de António José André.
Esse duplo luto nacional emocionou a França inteira, bem como o universo artístico e inteletual de todo o planeta, pondo fim a uma longa amizade partilhada ao longo de mais de vinte anos.
Os falecimentos quase simultâneos - às 7h da manhã morreu a «Môme de Paris» ("Menininha de Paris"); às 13h morreu o «Funambule de tous les Arts» ("Funâmbulo de Todas as Artes") – não eclipsaram a aura dos dois.
Na primavera de 1963, Edith Piaf, bastante debilitada, partiu para o sul da França na tentativa de se recuperar. No entanto, entrou em coma, em abril de 1963, e morreu, em Plascassier (Alpes Marítimos), no dia 11 de outubro de 1963.
As exéquias de Piaf tiveram lugar na igreja Saint-Honoré d'Eylau, diante de mais de 50 mil admiradores. O seu corpo foi enterrado no cemitério Père Lachaise, na presença de Marlene Dietrich. Desde então, o seu túmulo tem sido visitado e coberto de flores, quase diariamente.
Na sua casa, em Milly-la-Forêt, Jean Cocteau, cuidado pela cozinheira que sabia do seu estado de saúde, tomara conhecimento, algumas horas antes, da morte da sua amiga Edith.
Poucas pessoas sabiam que Cocteau, tinha sido vítima de duas crises cardíacas e bastante comovido, acabava de declarar aos seus amigoss: «C'est le bateau qui achève de couler. C'est ma dernière journée sur cette terre» (´É o barco que acaba de soçobrar. É o meu derradeiro dia nesta terra.)
Algumas horas depois, faleceu Cocetau sem ter podido escrever o artigo que a revista Paris-Match lhe tinha encomendado para ser publicado no dia seguinte. O seu corpo repousa na capela Saint-Blaise-des-Simples de Milly-la-Forêt, decorada a seu pedido.
Lembremos as últimas palavras de Cocteau: «Vivre me déroute plus que mourir» (Viver desconcerta-me mais do que morrer).