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Memórias: Cantinflas

Mário Alfonso Moreno, ator mexicano, conhecido como Cantinflas morreu a 20 de abril de 1993. Cantinflas foi um dos cómicos latino-americanos mais populares. Artigo de António José André.

Mário Alfonso Moreno nasceu numa família muito humilde. Teve uma adolescência marcada pela pobreza que o levou a trabalhar como engraxador, aprendiz de toureiro, motorista de táxi e pugilista.

A sua vida mudou quando trabalhava como empregado num teatro popular e substituíu o apresentador do espetáculo. Ao inverter frases, trocar palavras e improvisar, Cantinflas, conquistou o público.

Em 1930, já era o cómico mais famoso do país. Em 1936, com uma ampla bagagem acumulada no circo, estreou-se no filme “Não Te Enganes, Coração”, ao qual se seguiram “Na Minha Terra É Assim”, “Águila, o Sol” (1937) e “O Signo da Morte” (1939).

Consagrou-se, em 1940, com o filme “Aí Está o Detalhe”. Este filme possibilitou-lhe fundar a companhia Posa Filmes, produtora de “Gengibre contra Dinamite”, que com quase 50 filmes, bateu recordes de bilheteira nas 3 décadas que se seguiram.

Em 1944, filiou-se no Sindicato de Trabalhadores da Indústria Cinematográfica. A sua contribuição foi decisiva para a melhoria das condições contratuais do pessoal dos estúdios.

A sua popularidade deveu-se ao trabalho nos filmes “Nem Sangue, Nem Areia” e “O Gendarme” (1941). Em ambos, amortizou os recursos investidos na Posa Filmes. Teve êxito: “Nem Sangue, Nem Areia” arrecadou 54 mil pesos em 4 dias. O sucesso prosseguiu com “O Gendarme”.

Nos anos 50, Cantinflas converteu-se num crítico da sociedade. Arremetia contra a “aristocracia desnaturalizada", fazendo com que triunfasse o autêntico sobre o falso.

Participou numa superprodução americana “A Volta ao Mundo em 80 Dias” (1957), e no filme “Dom Quixote Cavalga de Novo”, dirigido por Manuel Delgado, com quem trabalhou em “O Bolero de Raquel” (1956) e “O Padre” (1965), o seu primeiro filme a cores.

Nos seus papéis, denunciou as desigualdades sociais. Participou em ações sociais e políticas. Chegou a pronunciar um discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Cantinflas será sempre lembrado por fazer triunfar um tipo maroto de bom coração que apresenta algum paralelismo com o Carlitos de Charles Chaplin.

Os seus filmes nada tinham de extraordinário, mas a sua figura, o seu estilo interpretativo e o sentido do humor ocupam um lugar relevante na sétima arte.

Mário Alfonso Moreno morreu na cidade do México a 20 de abril de 1993. Dezenas de milhares de pessoas juntaram-se num dia chuvoso para o seu funeral, que durou 3 dias. Era enorme a popularidade de Cantinflas, sobretudo nas classes populares.