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Memórias: Boris Vian

No dia 10 de março de 1920,. nasceu Boris Vian. Foi um escritor, ator, jornalista e músico francês. Os seus romances são caraterizados pela criatividade da linguagem. Por António José André.

Boris Vian nasceu a 10 de março de 1920, em Ville-d'Avray (París). Do pai, herdou a desconfiança em relação à religião e ao exército e o amor pela vida boémia. Da mãe, herdou a paixão pela música. O seu nome Boris não tinha ascendência russa. Foi escolhido pela mãe (uma grande melómana clássica), após ter visto a encenação da Ópera de Mussorgsky; "Boris Godunov".

Aos 12 anos, Vian desenvolveu uma febre reumática e depois uma febre tifóide. Esta combinação de doenças afetaram o seu coração e, mais tarde, levaram à sua morte prematura. Entre 1926 e 1932, Vian frequentou o Liceu de Sévres, onde estudou línguas (latim, grego e alemão). Entre 1932 e 1937, estudou no Liceu Hoche (Versalhes).

Em 1936, Vian e os seus irmãos organizaram festas-surpresa. Nesse ano, interessou-se pelo jazz. Em 1937, começou a tocar trompete e juntou-se à orquestra do Hot Clube de França. Depois de obter o bacharelato em Matemática, Filosofia, Latim, Grego e Alemão, inscreveu-se no Liceu Condorcet (Paris), onde estudou matemáticas especiais.

Boris Vian envolveu-se completamente no mundo do jazz, Em 1939, ajudou na organização do segundo concerto de Duke Ellington, em França. Nesse ano, foi dado como inapto para o serviço militar devido ao seu frágil estado de saúde. Aproveitando o facto, inscreveu-se em Engenharia na Escola Central de Paris.

Em 1940, Vian conheceu Jacques Loustalot, que se tornou numa personagem recorrente (O Major) nas suas primeiras novelas e contos. Em 1942, obteve o Diploma em Metalurgia pela Escola Central de Paris. Em 24 de Agosto de 1942, e foi admitido como Engenheiro na Associação Francesa de Normalização (AFNOR).

Nessa altura, Vian era já um trompetista reconhecido. Em 1943, publicou, sob o pseudónimo de Bison Ravi (Anagrama de Boris Vian) o seu primeiro poema no Boletim do Hot Clube de França. Em 1944, acabou o romance "Vercoquin et le plâncton", uma novela inspirada nas festas-surpresas da juventude e pelo seu trabalho na AFNOR.

Em 1946, Vian tornou-se amigo de Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus e a equipa da revista Temps Modernes, onde publicou as suas novelas e poemas. Em 1947, Raymond Quenau e Jean Rostand ajudaram Vian a publicar, nas Editions Gallimard, as suas primeiras grandes novelas: "A Espuma dos Dias" e "Outono em Pequim".

Depois, Vian escreveu "Cuspir-vos-ei nos Túmulos". Devido à natureza da história, apenas assinou a introdução, anunciando-se como tradutor dum escritor norte-americano: Vernon Sullivan. Graças às queixas, por parte de sectores puritanos, este livro foi campeão de vendas, levando Vian a escrever mais 3 novelas como Vernon Sullivan.

Boris Vian nunca abandonou o jazz. Em 1947, fundou "Le Tabou" com uma orquestra de jazz. Em 1948, fundou "Club Saint German des Prés", por onde passaram grandes nomes do jazz: Duke Ellington, Charlie Parker, Miles Davis, Django Reinhardt, etc. Em 1953, começou a dedicar-se à composição e interpretação de canções e poemas. Em 1954, fez a primeira tourné como cantor.

Em 1955, foi contratado pela Philips-Edições como diretor artístico. Em 1956, o seu primeiro álbum "Chansons Possibles et Impossibles" foi publicado e imediatamente proibido devido à canção, "Le Déserteur". Nesse ano, produziu os primeiros discos de "Rock and Roll" francês. Em 1957, foi estreada a sua ópera "Le Chavalier de la Neigfe".

Boris Vian morreu no dia 23 de junho de 1959, de enfarte do miocárdio durante a projeção privada do filme "Cuspir-vos-ei nos Túmulos", no Cinena Marbeuf.