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Memórias: Boris Vian

 

No dia 23 de junho de 1959, morreu Boris Vian. Foi um escritor, ator, jornalista e músico libertário francês. Os seus romances são caraterizados pela criatividade da linguagem. Por António José André.

 

oris Vian nasceu a 10 de março de 1920, em Ville-d'Avray (París). Do pai, herdou a desconfiança em relação à religião e ao exército e o amor pela vida boémia. Da mãe, herdou a paixão pela música.

 

O seu nome Boris não tinha ascendência russa. Foi escolhido pela mãe (uma grande melómana clássica), após ter visto a encenação da Ópera de Mussorgsky; "Boris Godunov".

 

Aos doze anos, Vian desenvolveu uma febre reumática e depois uma febre tifóide. Esta combinação de doenças afetaram o seu coração e, mais tarde, levaram à sua morte prematura.

 

Entre 1926 e 1932, Vian frequentou o Liceu de Sévres, onde estudou principalmente línguas (latim, grego e alemão). Entre 1932 e 1937, estudou no Liceu Hoche (Versalhes).

 

Em 1936, Vian e os seus irmãos começaram a organizar festas-surpresa. Nesse ano, interessou-se pelo jazz. No ano seguinte, começou a tocar trompete e juntou-se à orquestra do Hot Clube de França.

 

Em 1937, obteve o bacharelato em Matemática, Filosofia, Latim, Grego e Alemão. Depois, inscreveu-se no Liceu Condorcet (Paris), onde estudou matemáticas especiais.

 

Boris Vian envolveu-se completamente no mundo do jazz, Em 1939, ajudou na organização do segundo concerto de Duke Ellington, em França.

 

Nesse ano, Vian foi dado como inapto para todo o serviço militar devido ao seu frágil estado de saúde. Aproveitando o facto, inscreveu-se em Engenharia na Escola Central de Paris.

 

 

Em 1940, Vian conheceu Jacques Loustalot, que se tornou numa personagem recorrente (O Major) nas suas primeiras novelas e contos.

 

Em 1942, Vian obteve o Diploma em Metalurgia pela Escola Central de Paris. Em 24 de Agosto de 1942, foi admitido como Engenheiro na Associação Francesa de Normalização (AFNOR).

 

Nessa altura, Vian era já um trompetista reconhecido. Em 1943, publicou, sob o pseudónimo de Bison Ravi (Anagrama de Boris Vian) o seu primeiro poema no Boletim do Hot Clube de França.

 

Em 1944, Vian acabou o romance "Vercoquin et le plâncton", uma novela inspirada nas festas-surpresas da sua juventude e pelo seu trabalho na AFNOR.

 

Em 1946, Vian tornou-se amigo de Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus e a equipa da revista Temps Modernes, onde publicou as suas novelas e poemas.

 

Em 1947, Raymond Quenau e Jean Rostand ajudaram Vian a publicar, nas Editions Gallimard, as suas primeiras grandes novelas: "A Espuma dos Dias" e "Outono em Pequim".

 

Depois, Vian escreveu "Cuspir-vos-ei nos Túmulos". Devido à natureza da história, apenas assinou a introdução, anunciando-se como tradutor de um escritor norte-americano: Vernon Sullivan.

 

Graças às queixas, por parte de sectores puritanos, este livro tornou-se campeão de vendas, levando Vian a escrever mais três novelas como Vernon Sullivan.

 

Boris Vian nunca abandonou o jazz. Em 1947, fundou "Le Tabou" com uma orquestra de jazz. Em 1948, fundou "Club Saint German des Prés", por onde passaram grandes nomes do jazz: Duke Ellington, Charlie Parker, Miles Davis, Django Reinhardt, etc.

 

Em 1953, Vian começou a dedicar-se à composição e interpretação de canções e poemas. Em 1954, iniciou a sua primeira tourné como cantor.

 

Em 1955, foi contratado pela Philips-Edições discográficas como diretor artístico. Em 1956, o seu primeiro álbum "Chansons Possibles et Impossibles" foi publicado e imediatamente proibido devido à canção, "Le Déserteur".

 

Nesse mesmo ano, produziu os primeiros discos de "Rock and Roll" francês. Em 1957, foi estreada a sua ópera "Le Chavalier de la Neigfe", que foi bem recebida pelo público e pela crítica.

 

Boris Vian morreu no dia 23 de junho de 1959, de enfarte do miocárdio durante a projeção privada do filme "Cuspir-vos-ei nos Túmulos" no Cinena Marbeuf.