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Comício com Mariana Mortágua em Coimbra

Mariana Mortágua, coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, esteve no último sábado (24 de junho) no Parque da Cidade de Coimbra, para um comício com o mote 'Levar o País a Sério', que contou ainda com as intervenções de Miguel Cardina, Gisela Almeida e MAriana Rodrigues, e um momento musical com Luca Argel.

No comício em Coimbra, Mariana Mortágua lamentou que, perante o surto inflacionista, o Banco Central Europeu opte por aumentar juros, baseando-se na “ideia que muitos economistas defendem”, no sentido de que “para combater a inflação é preciso empobrecer”.

A coordenadora nacional do Bloco assinalou que esta opção tem o “efeito desejado”, já que o BCE, quando aumenta juros, quer que os bancos aumentem a prestação do crédito à habitação, levando à diminuição dos rendimentos.

Mariana foi perentória ao afirmar que “empobrecer não resolve nenhuma crise”.

Acusando o governo e a maioria socialista de “subserviência” perante o Banco Central Europeu (BCE), a dirigente bloquista anunciou que o Bloco enviou na sexta-feira uma carta ao presidente da Assembleia da República para que seja solicitada a vinda da sua presidente, Christine Lagarde, ao Parlamento português.

 

"Governo nunca teve intenção de cumprir promessa"

Mariana afirmou ainda que o governo “nunca teve intenção de cumprir a sua promessa”, e que, desde que o executivo socialista assegurou, em 2017, que ia resolver o problema da habitação, “a situação só se agravou”.

A coordenadora do Bloco repudiou o facilitismo do governo e a sua política de lucro fácil, apontando as suas consequências: “uma geração inteira para quem ter casa é um luxo”.

Mariana acusou a maioria socialista de “abandonar esta gente que não tem casa e não consegue encontrar casa”.

Sobre o pacote Mais Habitação, reforçou que o mesmo não passa de um “pacote de benefícios fiscais para os mesmos interesses imobiliários que já lucraram antes com a crise da habitação”.

E lembrou alguns dos “recuos sistemáticos” do executivo nesta matéria: a taxa do alojamento local é metade da anunciada e as licenças continuam a ser excessivas; os vistos gold afinal “já não acabam para todos”, com a “cedência ao lóbi financeiro”; e o apoio à renda afinal tem regras diferentes.

Conforme defendeu, até a medida que poderia ter efeitos efetivamente favoráveis foi “pervertida”, mediante o adiamento das limitações ao aumento das rendas para junho, que se traduziu no recurso a despejos e em aumentos muito superiores das rendas nestes últimos meses.

Mariana apelou a que quem tem sido confrontado com obstáculos no acesso à habitação envie o seu testemunho para casaparamorar@bloco.org, para que o Bloco possa levar todos esses exemplos ao debate de 4 de julho com a ministra de Habitação.

 

"Há uma política de esquerda para a habitação"

A coordenadora do Bloco lembrou a folga orçamental de 700 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, acusando o governo de olhar apenas para o défice e “abandonar as pessoas à sua sorte”, deixando de investir em áreas como a habitação, saúde ou educação.

A par da subserviência do governo ao BCE, Mariana assinalou a subserviência da maioria socialista aos bancos, “únicos e diretos beneficiários do empobrecimento que se está a gerar em Portugal”. “Cada um dos euros dos 10 milhões de euros que os bancos lucram por dia é uma prestação que aumenta”, sublinhou.

Recordando que o governo tem rejeitado todas as medidas propostas para resolver o problema da habitação, a dirigente bloquista condenou a escolha liberal das suas políticas da habitação, com a aposta num “mercado selvagem sem quaisquer regras”.

Mariana afirmou que “há uma política de esquerda para a habitação”, com medidas concretas que têm vindo a ser aplicadas noutros países. Essa política “parte da ideia simples de que o mercado não escolhe quem vive nas cidades”, e que as cidades “não são montra para turistas ou redomas para milionários”.

As soluções existem e só dependem da vontade política. Em causa estão medidas como a criação de tetos máximos para as rendas; a garantia de 25% das novas habitações para custos controlados; a introdução de regras para o alojamento local, com a limitação do alojamento local no centro das cidades, e de uma moratória para todos os novos empreendimentos turísticos; o combate à especulação imobiliária, o fim de incentivos fiscais a fundos imobiliários e residentes não habituais.

 

Galeria do Comício 'Levar o País a Sério' em Coimbra

Notícia publicada em Esquerda.net a 24 de junho de 2023