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Tomada de Posição sobre a Garraiada da Queima das Fitas

O Conselho de Veteranos da academia de Coimbra manifestou interesse em alterar o programa da garraiada para salvaguardar os direitos dos animais. É de salientar essa boa intenção, mas que a mesma não fique pelas palavras, e que realmente se envolva nos debates que mobilizam a sociedade.

A criminalização dos maus tratos animais de companhia foi um avanço significativo, mas o Bloco continua na luta pela proteção e dignidade de todos os animais. A permissão de espetáculos tauromáquicos constitui um anacronismo (inaceitável) que urge resolver.

Para a Coordenadora de Jovens do Bloco - Coimbra, o respeito pelos direitos humanos é incompatível com uma atividade que se resume a colocar um jovem touro numa arena à mercê dos estudantes que por lá se encontram, onde é sujeito a stress e a agressões que deixam marcas permanentes. A única decisão que pode ser tomada e que respeita os direitos dos animais é a abolição desse espetáculo que humilha e agride o touro. A insistência na sua realização é assumir que a apreciação da tortura se sobrepõe ao respeito pela vida e dignidade animal.

A academia constituída pelas pessoas que frequentam a universidade, espaço de reflexão e de construção do saber, deve questionar os valores que regem as tradições, bem como procurar formas de superar algo que não se enquadra no seu espírito humanista de respeito pela dignidade humana e animal. Apelamos por isso a que todas e todos aqueles/as que não se revêm na barbárie manifestem o seu desacordo perante a planeada garraiada e que continuem a pressionar o conselho de veteranos para que esta não se realize. Estamos solidários com os movimentos e organizações que pretendem respeitar a dignidade animal e convidamos todas e todos os/as estudantes a juntarem-se a esse esforço coletivo nas várias ações que se desenrolam sobre o tema.

A tradição não deve ser invocada como argumento para práticas que refletem um atraso civilizacional e que não se enquadram nos valores próprios da comunidade estudantil. Toda ela é uma criação que pela sua repetição legitima práticas que se enquadram com os valores sociais de cada época. A tortura de um touro torna aceitável um padrão de comportamento bárbaro que é indigno na atualidade. Numa sociedade orientada para o progresso civilizacional, a garraiada não tem lugar. Resta decidir que tradição pretendemos (re)inventar.

 

A Coordenadora de Jovens do Bloco – Coimbra