Share |

Memórias: Luiz Pacheco

No dia 7 de Maio de 1925, nasceu Luiz Pacheco. Foi um escritor, editor e crítico de literatura. Polémico e maldito, era "compagnon de route" dos surrealistas portugueses. Por António José André.

Luiz Pacheco nasceu a 7 de maio de 1925, em S. Sebastião da Pedreira. Era filho único de uma família da classe média, de origem alentejana.  

Teve a biblioteca do pai à sua disposição e desde cedo manifestou enorme talento para a escrita.

Estudou no Liceu Camões e frequentou o curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa. A partir de 1946, trabalhou como agente fiscal da Inspeção Geral dos Espetáculos, acabando por se demitir, por se ter fartado do emprego.

Luiz Pacheco teve uma vida atribulada, sem meios de subsistência para sustentar a família crescente (8 filhos de 3 mães adolescentes). Chegou a viver à custa de esmolas, hospedando-se em quartos alugados e indo à Sopa dos Pobres.

Esse período difícil da vida inspirou-lhe o conto "Comunidade". A partir de 1945, Luiz Pacheco começou a publicar artigos em vários jornais e revistas: "Globo", "Bloco", "Afinidades", "O Volante", "Diário Ilustrado", "Diário Popular" e "Seara Nova".

Em 1950, Luiz Pacheco fundou a editora "Contraponto", onde publicou escritores como Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires, Mário Cesariny, Natália Correia, Herberto Hélder, etc..

Foi "compagnon de route" dos surrealistas portugueses e o seu primeiro editor. Foi amigo íntimo de António Maria Lisboa e de Mário Cesariny,

Dedicou-se à crítica literária e cultural, tornando-se famoso pelas suas críticas sarcásticas e polémicas. Denunciou a desonestidade intelectual e a censura do regime salazarista.

Em 1989, Luiz Pacheco tornou-se militante do PCP, segundo o próprio "para ter um enterro igual ao de Ary dos Santos".

A sua obra literária, constituída por pequenas narrativas e relatos, com um forte pendor autobiográfico e libertino, inseriu-se naquilo a que chamou de "neo-abjeccionista".

Nos últimos anos, Luiz Pacheco passou por 4 lares de idosos. morrendo a 5 de Janeiro de 2008, de doença súbita, a caminho do Hospital do Montijo. Desaparecia o escritor polémico e "maldito"