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Vegetação do Areal

Há uma componente desinformada deste debate que classifica a vegetação do areal como sujidade ou couves, à qual não quero dar confiança. Na componente séria do debate, a vegetação do areal não pode ser vista isoladamente. Especialmente, quando temos a perspetiva da construção do bypass e da transposição de areia da Praia da Claridade para as praias do sul do concelho.

A prioridade do bypass é restabelecer o equilíbrio sedimentar que se perdeu com a construção do Molhe Norte. O bypass terá que garantir que as praias do sul do concelho recuperem o cordão dunar que defende pessoas e bens. Isto irá ter consequências na extensão da Praia da Claridade, que verá a sua extensão diminuída até maximizarmos a segurança da costa sul. 

Este tipo de sistemas permite regular a extensão da praia, pelo que está para vir o debate sobre o tamanho ideal da futura Praia da Claridade. Um trabalho orientado pelo Arquiteto Miguel Figueira diz-nos que as primeiras queixas publicadas nos jornais de que a praia estava muito grande são dos anos 70, quando a praia tinha cerca de 180m. Se voltarmos a esta extensão, a linha de costa ficará próxima das passadeiras mais distantes que são paralelas à costa e será preciso repensar tudo o que foi instalado na praia. 

Neste cenário, à semelhança do que se faz nas praias do norte da Europa parecidas com a Figueira, defendo que se deve deixar a natureza trabalhar: vegetação e dunas.

Publicado no Diário as Beiras - 23 de dezembro de 2021