“Não se resolvem os problemas do INEM indo pedir favores aos bombeiros”

Numa visita à Delegação Regional do Centro do INEM, onde faltam 115 técnicos de emergência, Mariana Mortágua voltou a acusar a ministra de ser incapaz de trazer soluções para resolver o problema da falta de recursos do INEM.

Mariana Mortágua visitou esta quinta-feira a Delegação Regional do Centro do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) em Coimbra, acompanhada da sua coordenadora Alice Luzio, e constatou que este serviço “está a trabalhar com metade dos técnicos necessários, faltam 115 pessoas”.

Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, é importante que o país saiba “que todos os dias o INEM funciona porque há esforço sobrenatural destes técnicos e destas pessoas que todos os dias dão horas extra, que todos os dias abdicam da sua vida para conseguir que serviço de emergência médica consiga dar resposta a toda a gente em tempo útil. E quando falha, não é falha destes trabalhadores, não é falha dos técnicos de emergência, não é falha do INEM. Quando falha, é falha dos governos e das tutelas que foram incapazes, ao longo dos últimos anos, de dar ao INEM os recursos necessários”.

Mariana Mortágua voltou a acusar a ministra de não responder à questão de como irá resolver este problema da falta de recursos e de ter deixado no ar “vagas ideias para privatizar o serviço e entregá-lo à outra entidade, sem dizer como é que isso se fará, porque os bombeiros já dão o máximo que podem neste tipo de respostas”.

Quanto à medida agora anunciada de chamar os bombeiros para ajudar na resposta durante o período do pico da gripe nos próximos meses, Mariana Mortágua acusa o Governo de estar “sempre a pôr pequenos pensos sobre problemas que são muito mais profundos” e que sempre que a ministra da Saúde “promete um plano”, não há “nada de estrutural, não há nada de planeado”.

Na Delegação Regional do Centro do INEM, além de faltarem 115 técnicos de emergência faltam também médicos e enfermeiros, sublinhou a coordenadora bloquista, acrescentando que a nível nacional faltam 700 técnicos de emergência e também não há ambulâncias suficientes. E o Governo, em vez de “compreender que é preciso dar condições às pessoas para trabalharem no INEM”, o que faz é andar “a puxar pontas dos bombeiros para o INEM, da Cruz Vermelha para os bombeiros, sem nunca resolver o problema estrutural”, prosseguiu.

“Nós podemos ir pedir mais favores aos bombeiros, e podemos pedir mais favores à Cruz Vermelha, e podemos pedir mais favores aqui e ali. Mas o problema estrutural do INEM mantém-se e só pode ser resolvido com as contratações necessárias e com o investimento necessário”, concluiu Mariana Mortágua

Foto de Paulo Novais/Lusa
Artigo publicado em Esquerda.net a 21 de novembro de 2024