Share |

Recursos Humanos

Comparativamente a outros hospitais, o Hospital Distrital da Figueira da Foz foi implantado num terreno amplo e exposto a uma terapêutica paisagem, dominada pelo oceano e pela saudável brisa marítima. Ao contrário dos restantes hospitais do distrito de Coimbra, o estacionamento e o acesso rodoviário são bem mais simples e desanuviados, com a exceção dos meses de julho e agosto. Pena, o serviço de transportes públicos não ser mais frequente e com a abrangência devida. 

Essa localização também permitiu ao longo destes anos estender o hospital a novos anexos e criar novos serviços. No entanto, a presente pandemia revelou uma série de carências do atual edifício, onde temos enfermarias para cinco pessoas, onde é um quebra-cabeças implementar novas casas de banho, onde faltam novas valências de oncologia ou um laboratório do sono, por exemplo. 

Os profissionais debatem-se com o edifício e quando este começa a contribuir mais para os problemas do que para as soluções é legítimo equacionar o futuro do hospital. Outra evidência da pandemia, é a necessidade de dotar o hospital de uma unidade de cuidados intensivos com uma equipa especializada capaz de assegurar o serviço em regime permanente. Durante a pandemia, os pacientes Covid com necessidade de ventilação intensiva foram transferidos para Coimbra.

Em suma, perante o quadro atual, faz sentido equacionar a construção de um novo hospital num horizonte de 10 anos a 15 anos, tempo suficiente para estudar com a maturidade questões que vão desde a localização às valências a implementar. Não esquecendo que as promessas locais dos partidos do centrão não serão atendidas pelas respetivas direções nacionais, descartadas prontamente com um mero “não há dinheiro”, enquanto se salvam bancos e banqueiros.

Finalmente, não fará sentido debatermos um novo hospital se paralelamente continuarmos a perpetuar a precariedade dos profissionais de saúde, a contratar em número insuficiente, e quando se contrata tanto os salários como a duração do contrato e perspetivas de progressão de carreiras são indignos e injustos.

Publicado no Diario as Beiras - 22 de abril de 2021