Os sacrifícios, que foram pedidos à população, durante o confinamento tiveram um impacto assimétrico na sociedade. Para muitos significou um mero abrandamento da sua atividade, para outros uma redução significativa do volume de trabalho e para determinadas profissões a Covid trouxe uma paragem completa, o despedimento (em muitos casos ilegal) ou a falência. Muitos dos nossos cidadãos sacrificaram o trabalho de anos ou décadas para que pudéssemos ganhar alguns meses à Covid, permitindo estudar melhor o vírus e preparar os nossos hospitais e os recursos humanos a responder com mais eficiência à pandemia. Esses que se sacrificaram por todos os demais não podem ser esquecidos e muito menos abandonados.
O sector do turismo, tão importante para o nosso concelho, sofreu um impacto frontal com a Covid durante o confinamento. Felizmente, o verão trouxe melhores dias ao sector e as características naturais da Figueira, a largueza dos espaços de lazer, atraíram muitos portugueses ao nosso concelho, permitindo ao turismo ganhar fôlego. Mas a atual evolução da Covid e o previsível agravamento dos riscos à medida que entrarmos nos meses de outono e de inverno, voltarão a ter um impacto negativo no turismo local. Para agravar o cenário, por enquanto, a ciência não nos garante, nem uma vacina a curto prazo, nem uma vacina eficaz, que nos ofereça uma imunidade duradoira.
É da mais elementar justiça prolongar os apoios a todos os nossos conterrâneos afetados pela Covid e, em muitos casos, esse apoio deverá ser estendido a mecanismos para adaptar o trabalho aos novos constrangimentos ou a orientar trabalhadores e empresários para outras atividades, particularmente nos casos das atividades mais afetadas como as atividades de lazer vincadamente noturno (bares ou discotecas, por exemplo). Ademais, todos os atores locais, eleitos, juntas e câmara, associações deverão trabalhar em conjunto para identificar e responder a todos os casos e não deixar ninguém para trás.
Publicado no "Diário as Beiras" - 17 de setembro de 2020