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O à-vontade

Há poucos dias ficámos a saber que o Ministério Público está a investigar a Junta de São Pedro, em particular o seu presidente pelas conhecidas suspeitas de utilização de dinheiro da autarquia para uso pessoal e de irregularidades na contratação de uma familiar sua para a referida junta.

O que mais choca nesta história nem é tanto os alegados ilícitos em si, é sim o à-vontade do autarca quando foi confrontado com os factos. Para o autarca tudo aquilo era natural, a filha era, obviamente, boa funcionária e não podia “ser penalizada” na candidatura ao posto por ser filha do presidente.

Este à-vontade perante circunstâncias graves mostra que estão enraizados em certos meios da nossa sociedade (isto não se passa apenas na política) a informalidade, a falta de transparência e o medo da represália sobre quem denuncia ilegalidades. E isto não vem de hoje.

Nas últimas duas décadas assistimos a uma série práticas gravíssimas tiveram o seu pináculo durante os mandatos de Duarte Silva. O à-vontade de certas personagens em casos gravíssimos como o do Galante mostra que havia confiança na impunidade.

Se algo de positivo se passou nos últimos cinco anos, sobretudo depois da derrota de Duarte Silva, foi a rejeição clara de uma certa forma de fazer política. Apesar de tudo ainda estamos longe do aceitável, ainda temos grandes berbicachos no concelho. Lá iremos...

As Beiras, 17 de julho de 2014