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Menos carbono

A grande vantagem de estender o porto comercial à margem sul seria diminuir o tempo e os recursos alocados ao transporte mercadorias da indústria instalada na margem sul, onde estão sediadas empresas com um grande volume exportação à escala nacional. Idealmente, com um acesso ferroviário dedicado, a diminuição do volume de dióxido de carbono associado ao transporte da referida indústria seria assinalável.

Tendo em conta os objetivos estabelecidos no quadro do Green Deal Europeu, em particular a ambição de atingir a neutralidade de emissões de dióxido de carbono em 2050, objetivos esses que estarão no centro do financiamento no quadro da chamada bazooka europeia, fará todo o sentido que se equacione estender o porto comercial à margem sul.

No entanto, tal projeto necessitará de incluir na equação a riqueza natural do estuário do Mondego, a qualidade das suas águas, fundamental para espécies piscícolas migratórias, ou a preservação das zonas húmidas, da maior importância para o habitat de diversas espécies de aves que aí nidificam e se alimentam, do pato real ao flamingo.

Ao contrário de diversos projetos que têm vindo a ser implementados na Figueira, este necessitará de um debate amplo entre os vários setores de atividade, as entidades públicas e a população direta ou indiretamente afetada pelo projeto. Mas igualmente importante será assegurar que o estuário do Mondego, a sua fauna e a sua flora, não serão afetados pela extensão do porto. Para isso será necessário trabalhar com especialista, com biólogos, com associações ambientais e sobretudo tomar decisões políticas ambientais consequentes para não comprometer um habitat classificado nas Zonas Húmidas de Importância Internacional.

Publicado no Diario as Beiras- 11 de março de 2021