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Libertar tribunais

Há cerca de três anos sentei-me com arquitetos, trabalhadores e surfistas do Cabedelo para ouvir opiniões e queixas sobre o atual projeto. Fiquei com a sensação de que é mais um projeto como muitos dos que têm sido aprovados nos últimos 20 a 30 anos em reuniões de câmara (uma boa parte por unanimidade), com uma visão muito anos 90, repetindo os erros urbanísticos dessa década. Tive a oportunidade de confrontar o ex-Presidente Ataíde com uma estrutura do projeto que iria ter impacto negativo justamente na zona do campismo, bem como alterar a mecânica de propagação das ondas com prejuízo para o surf, logo indiretamente com prejuízo para o próprio parque de campismo e negócios afetos. Para surpresa nossa, o Presidente Ataíde voltou atrás na decisão e concordou que aquela estrutura teria um impacto negativo (ver gravação do segundo debate das autárquicas de 2017).

A atual posição da Federação de Campismo sobre a obra é muito vaga e estranha, no entanto prefiro que se chegue a um acordo e não se entupam os tribunais com processos intermináveis com consequências negativas para todos. Porém, deixar tudo como está é inaceitável. Já aqui escrevi sobre a exposição do parque aos riscos associados a tempestades, que serão cada vez mais prováveis. 

Também aqui coloquei duas questões que foram respondidas no diário As Beiras. Existem de facto pessoas a viver nas rulotes do parque sem alternativas habitacionais, a quem a autarquia e a ação social deverão responder. Isto nem é uma questão ideológica, é uma questão humana. Não estou a imaginar António Arnaut, Álvaro Cunhal ou Adriano Moreira, só para citar três referências maiores do nosso espetro político, serem indiferentes a pessoas a viver em rulotes. Não posso imaginar que responsáveis camarários (ou outros atores políticos presentes em São Pedro) soubessem destes casos e fizessem tábua rasa deles. Não é aceitável.

Paralelamente soubemos que há líderes de concelhias locais entre as testemunhas da Federação de Campismo no processo. Estamos mais esclarecidos sobre a questão referente a eventuais conflitos de interesse.

Pulicado o "Diario As eiras" - 13 de agoso de 2020