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A frente de rio do Cabedelo deve ser requalificada?

Sim. O estado de degradação de algumas infraestruturas, as construções inestéticas e o desarranjo da relação entre o Cabedelo e o rio merecem indubitavelmente uma intervenção de requalificação. 

Em primeiro lugar, essa requalificação deveria ser implementada num processo de consulta e acompanhamento por quem ali faz a sua vida, ouvindo e debatendo com todas as partes interessadas em vez do habitual processo de decisão de cima para baixo, frequentemente autista em relação aos anseios dos cidadãos. 

A natureza desse projeto de requalificação deveria promover uma maior relação entre as pessoas e o rio, deveria responder aos desafios ambientais do século XXI e combater a guetização do Cabedelo. O tempo das intervenções para grandes negócios de patos bravos acabou. Os apetites de projetos imobiliários de grandes volumetrias com vastas impermeabilizações de solos não são aceitáveis. Pelo contrário, será uma oportunidade para devolver o rio às gentes que frequentam o Cabedelo, permitindo um usufruto democrático e para valorizar a excecionalidade natural  daquela zona, não esquecendo a dinâmica daquela linha costeira ao longo dos séculos. 

Será ainda uma oportunidade também para resolver a configuração de beco sem saída do Cabedelo. Ideias não faltam para resolver este problema, só falta é vontade política para implementar uma dessas soluções, ouvindo sempre as partes interessadas. 

Pubicado no Diario as Beiras - 29 de setembro de 2022