Share |

Fintar o vírus

Apesar de o concelho estar classificado na categoria de risco moderado, no início desta semana, não há por enquanto nenhuma indicação forte de que a entrada na nova fase de desconfinamento possa estar comprometida. Importa sobretudo nesta altura trocar as voltas à propagação do vírus e acelerar a vacinação. Se ao nível local ,muito pouco se pode fazer pela vacinação, a implementação de um desconfinamento controlado com a maior abrangência possível pode e deve ter uma preciosa ajuda da autarquia e de instituições locais.

Seria da maior importância estabelecer um plano de desconfinamento local que tirasse o máximo partido dos espaços ao ar livre, que facilitasse o comércio e serviços e as atividades culturais em espaços abertos, sempre que isso for viável e a meteorologia o permitir.

Por exemplo, a câmara em conjunto, as juntas de freguesia, os comerciantes e os profissionais afetados pela pandemia, sob a supervisão de autoridades locais de saúde, poderiam formar um grupo de trabalho para identificar locais ao ar livre ou arejados onde determinadas atividades pudessem operar parcial ou totalmente com riscos mínimos para todos. Feiras e mercados de rua são formas mais seguras de comércio. O mesmo grupo de trabalho poderia negociar noutra escala a aquisição de equipamento de renovação do ar do interior dos locais de trabalho, sem alternativas ao ar livre. O setor da cultura, muito afetado pela pandemia, poderia beneficiar e muito de alternativas ao ar livre e locais arejados onde não será certamente complicado garantir níveis de segurança muito razoáveis ao próprio público. Trata-se de uma mera sugestão, não duvido que existam ideias mais brilhantes entre quem lê esta coluna.

Finalmente, a ideia de não deixar ninguém para trás deve estar em permanência nas nossas mentes. Houve quem sacrificasse uma vida de trabalho em prol da saúde de todos. Não se pode repetir o que se passou noutras catástrofes, do 11 de Setembro a Fukushima, ou ao nível nacional, no acidente de Entre-os-Rios, em que uma fração das pessoas afetadas nunca chegou a receber qualquer ajuda.

Publicado no Diario as Beiras - 15 de abril de 2021