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A estratégia e a escolha

Escolher entre dois equipamentos distintos tendo apenas como base a sua função primária, é muito curto. É absolutamente relevante que a escolha de equipamentos seja enquadrada por uma estratégia clara da autarquia. Um pavilhão multiusos enquadra-se numa estratégia que pode englobar assuntos tão diferentes que vão desde o desporto à cultura. Uma piscina coberta integra as políticas concelhias envolvendo o desporto, a formação e a juventude.

O problema é que a política deste executivo não é suficientemente assumida no que concerne aos temas referidos. Nos últimos anos temos saltado de uns assuntos para os outros sem um nítido fio condutor. Surgem intervenções na cidade como autênticas pontas soltas, sem ligação a estratégias claras, como a intervenção no Jardim Municipal ou as intervenções no arvoredo urbano. 

Reitero o escrevi aqui neste espaço sobre o pavilhão multiusos e a piscina coberta. Acho questionável que o pavilhão seja um equipamento prioritário num concelho onde existem tantas alternativas para desempenhar o mesmo tipo de funções, desde a edifícios com história até a equipamentos modernos. A piscina coberta para servir as freguesias mais urbanas é indubitavelmente um equipamento com um maior nível de prioridade, mas que levanta importantes questões associadas à realização da própria obra, que comporta complexas exigências legais, à sua manutenção e à sua viabilidade financeira. Não é um equipamento que se projete em cima dos joelhos, se quisermos que seja sustentável a longo termo.

No entanto, muito mais relevante do que meras proclamações de novos equipamentos seria interessante vincar bem qual o papel de cada equipamento para a cidade e o concelho. Que necessidade vem colmatar e/ou que nova atividade vem alavancar? Estas questões servem para o atual executivo, mas também servem para as candidaturas à câmara muito profícuas em proclamações cujo fundamento e enquadramento são por vezes muito duvidosos.

Publicado no Diario as Beiras - 20 de maio de 2021