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Emigrantes

Nós, os Portugueses, não somos 10 milhões, somos cerca de 15 milhões. É neste tempo estival que uma pequena parte dos 5 milhões que se encontram espalhados pelo mundo regressam à terra.

Ainda sou do tempo em que máquinas extravagantes coloriam o Verão com matrículas da Suíça, da França ou do Luxemburgo. Havia orgulho em ostentar o sucesso, nem que fosse ilusório. Hoje a emigração é mais discreta e, ao contrário da geração anterior, já não se considera tão bem sucedida, vive pior a mudança e sente-se mais arrancada da terra apesar de se integrar melhor lá fora.

Para os cerca de três milhões de emigrantes portugueses que vivem nos restantes países da União Europeia foram fundamentais todas as medidas que eliminaram barreiras burocráticas e económicas que os impediram frequentemente no passado de viver com dignidade.

 

Quando o euro surgiu estava em França e constatei a forma entusiasta com que a moeda única foi recebida pelos nossos emigrantes. Pena foi o projeto do euro ter ficado incompleto. Quase todos temos um familiar ou um amigo chegado lá fora.

 

Não é preciso ser muito inteligente para se perceber que as receitas nacionalistas e isolacionaistas, sejam as de direita, sejam as do PCP, vão atingir muito negativamente os nossos emigrantes e indiretamente todos os que dependem das remessas ou os que asseguram o conforto dos entes queridos lá por fora a lutar pela vida.

 

As Beiras, 10 de Julho de 2014