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É o capitalismo moderno

Não podemos desligar as escolhas políticas adotadas no mundo nas últimas três décadas destes fenómenos de corrupção que estamos a viver, da degradação de instituições públicas como o SEF, de instituições financeiras e multinacionais envolvidas em esquemas fraudulentos. Isto não se resume à melhoria da transparência, ou à mudança do funcionamento de partidos, ou da justiça.
Não, estes fenómenos estão intimamente ligados a escolhas políticas, à desregulação financeira e à submissão da política a instituições financeiras (bancos, fundos de investimento, offshores, agências de rating), que têm conquistado um verdadeiro e ilegítimo poder político.
Sócrates criou o segundo Regime Extraordinário de Regulação Tributária legalizando aquilo que seria a fuga ao fisco de um amigo, abrindo simultaneamente a porta a inúmeros operadores de mercado com contas offshore que aproveitaram para fugir massivamente aos impostos.
Da ENRON ao BES muito foi feito em prol da transparência e da qualidade das instituições, mas o capitalismo financeiro tem sido mais forte. Está na hora de mudar as opções políticas, de domesticar os mercados, de os colocar ao serviço das pessoas.
Hoje, à hora de saída do trabalho dos assalariados, na City londrina corretores da bolsa apostarão como é seu hábito diário centenas de milhares de libras de rendimentos ilegítimos em corridas de cavalos.