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Democracia Participativa

Sou a favor da limitação da circulação de veículos nas vias históricas e comercias das localidades. A esmagadora maioria dos exemplos que conhecemos pelo país revelam efeitos muito positivos no comércio e libertaram o espaço público da omnipresença automóvel, permitindo desfrutar da envolvente arquitetónica e histórica. 

Mas também sabemos, que nos locais onde é claramente evidente uma melhoria da atividade comercial e do bem-estar, aparecem sempre os que reclamam o “dantes é que era bom”. No caso da pedonalização das Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz em Coimbra, que eram uma autêntica chafarica de paredes negras dos fumos dos tubos de escape mesmo em cima do mais antigo panteão nacional (o Mosteiro de Santa Cruz, onde jaz D. Afonso Henriques) e onde são claríssimas as vantagens da limitação da circulação, tive oportunidade de assistir a um debate sobre a Baixa de Coimbra onde alguns moradores em tom inflamado afirmavam categoricamente o tal “dantes é que era bom”.

Na minha opinião a Rua 5 de Outubro é um desses casos, em que me parece que se ganhou mais do que se perdeu com a transição para a limitação da circulação. Mas quem contacta com os habitantes e comerciantes da zona, sabe que essa conclusão não é unânime Mais do que fugir a críticas, umas pertinentes outras injustas, cabia aos responsáveis das decisões (último mandato de Duarte Silva e primeiro de Ataíde) ter reunido com os moradores e comerciantes, ouvir, tentar responder às ansiedades e encontrar soluções para casos particulares que são manifestamente prejudicados. 

A democracia participativa assenta justamente nesse princípio de reunir eleitos, técnicos e população nas tomadas de decisão e monotorização de intervenções relevantes no espaço público. Estou convicto que é a forma certa de atuar, por isso considero que a câmara deve ouvir a população e fazer o balanço destes anos de limitação caótica da circulação na Rua 5 de Outubro, encontrar soluções para os que poderão ser prejudicados e posteriormente exercer a sua autoridade para limitar efetivamente a circulação automóvel.

Publicado no "Diário As Beiras" - 6 de agosto de 2020