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De Auschwitz

Nesta coluna não cabem as impressões sobre a minha visita de hoje ao campo de Auschwitz (Oświęcim) na Polónia. Em vez, vou aqui evocar um episódio relacionado com estes campos de morte ocorrido durante a II Guerra Mundial com um dos povos que há séculos integraram a nossa nação: o povo cigano.

Durante a II Guerra Mundial, após a subida ao poder de Ion Antonescu, em 1940, a Roménia passou a alinhar com os nazis, recrutando entre as populacões ciganas milhares de jovens que seriam sobretudo destacados para a frente russa, a frente mais dificil pela violência dos combates e pela dureza do inverno russo.

Enquanto estes jovens ciganos se encontravam na frente de guerra, as ignóbeis leis raciais implementadas pelos nazis na Europa foram também adotadas na Romènia. Todos os ciganos da Roménia - considerados inferiores e associais pelos teoricos do nazismo – passaram a ser perseguidos, capturados e enviados para os campos de extermínio.

Quando os soldados ciganos sobreviventes da frente russa regressaram a Romenia, muitos deles condecorados, ja não encontraram as suas aldeias, os seus lares e a sua família. O país que tinham servido, pelo qual muitos deram o próprio sangue, tinha-lhes tolhido aquilo que tinham de mais precioso.

A dimensão do absurdo e da crueldade do Holocausto é bem caracterizada por este episódio.