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"A concessão da água"

A ideia de que a privatização do fornecimento de água ofereceria maior qualidade a custos mais baixos, após mais de duas décadas de concessão, deixou de fazer sentido. Os elevados custos da água e de quase todos os serviços prestados pela empresa Águas da Figueira, como a ligação à rede ou a reativação de serviço, foram um foco permanente de queixas dos figueirenses ao longo destes anos. 

Ouvi, vezes sem conta, a palavra “roubo” da boca de inúmeros concidadãos, quando qualificavam o preço pedido pela empresa para prestar alguns destes serviços. Como se não bastasse, depois de duas décadas de concessão discutimos também se o sul do concelho deverá ter um sistema autónomo de fornecimento de água, após uma dupla rutura de condutas ocorrida o ano passado.

Subscrevo as reivindicações de destacados movimentos europeus que fizeram chegar petições às instituições da UE para que o direito à água e ao saneamento seja um direito humano e para que a água não seja um bem comercial, mas sim um bem público. 

Sendo a escassez de água potável um dos grandes problemas do século XXI, a par das alterações climáticas, é essencial o controlo público de um bem que será absolutamente estratégico para a comunidade. Esta via permitirá também ponderar devidamente na fatura da água o bem-estar da população e a realidade dos rendimentos dos Figueirenses.

Pubicado no Diario as Beiras - 10 de março de 2022