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A Casa dos Segredos não é sexy

Os mesmos que estão sempre prontos a tratar os jovens de ignorantes, os mesmos que proferem discursos moralistas contra a escola pública (claro, a privada é que é boa...), os mesmos que martelam aquele discurso do dantes é que era bom (então não era...), são esses mesmos que dirigem canais televisivos onde se serve estupidificação quotidiana à população portuguesa.

Por exemplo, este fim de semana, enquanto o canal público franco-alemão ARTE transmitia um documentário sobre Fernão de Magalhães, em horário nobre, as nossas televisões privadas em sinal aberto transmitiam telenovelas e a Casa dos Segredos. Os direitos de transmissão da Casa dos Segredos são pagos a peso de ouro à empresa holandesa Endemol, no entanto são ainda os mesmos que proferem sentidos discursos para consumir nacional.

As alminhas da Casa são escolhidas a dedo, um dos critérios é serem mais lerdas que os próprios produtores (não é fácil). Os concorrentes não podem falar de política (será isto legal?), pois claro, uma boa discussão política pode ser perigosa, pode acordá-los do coma cerebral a que estão sujeitos na Casa. Outro dos objetivos da Casa é aguçar o apetite do espectador. A produção faz um esforço colossal para mascarar a estupidez com cosmética e guarda-roupa. O problema é que a estupidez não é sexy. É a minha opinião, não vale nada, mas é assim.