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Cara propaganda política

Vivi na Bélgica, Itália e França. Nesses países, os cartazes de propaganda política estão confinados a biombos metálicos fornecidos pelas autarquias, onde cada lista tem direito exatamente ao mesmo espaço, em geral apenas a uma das faces de um biombo.

Apesar de mais pobres, verifico escandalizado os rios de dinheiro que se gastam em outdoors de campanha em Portugal. Outdoors com 8 a 12 metros de comprimento poderão custar entre cerca de 500€ e 1500€ cada, dependendo da quantidade, do material e da empresa que os instala.

Há quatro anos, no concelho da Figueira havia outdoors de listas independentes e de partidos a juntas de freguesia cujos custos superavam o orçamento do material de colagem dos principais partidos em cidades como Bolonha ou Estrasburgo. Isto é uma aberração e uma aberração ao quadrado em tempo de crise.

Ao contrário das vozes populistas, não considero que as subvenções do Estado a partidos e a listas independentes devam ser cortadas ou fortemente reduzidas. A política não deve ficar apenas a cargo dos ricos. No entanto, uma deliberação nacional ou local poderia interditar a utilização deste material.

As verbas poupadas serviriam para o trabalho que mais conta, como a intervenção em assembleias municipais e de freguesia, em que os eleitos por vezes defrontam interesses de grupos económicos tenebrosos que faturam centenas de milhões de euros. Ironicamente, alguns destes grupos são quem financia as campanhas dos partidos do arco do poder.

As Beiras, 11 de Abril de 2013