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BE na luta ao lado das populações

Senhor presidente da Assembleia Municipal,

Senhor presidente da Câmara,

Senhores deputados municipais,

Senhores vereadores e presidentes das Juntas de Freguesia,

Demais autarcas,

Dirigentes associativos,

Responsáveis de instituições públicas e privadas,

Dirigentes dos diferentes partidos,

Democratas,

Concidadãs e concidadãos,

 

Celebramos, hoje e aqui, os 42 anos da Revolução dos Cravos, a democracia enquanto aspiração ao progresso, económico, social e cultural.

Festejamos com a solenidade, a emoção, o respeito, o sentido de memória coletiva, de participação cívica e política que esta data exige.

Evocamos a alvorada libertadora do 25 de Abril.

Não esqueçamos nunca o enorme sofrimento de milhares de portugueses que lutaram e morreram pela liberdade, incluindo a liberdade de expressão e de imprensa, o direito a informar e a ser informado.

Lembremos os precursores do Estado de Direito Democrático, agora de novo ameaçado pela corrupção que corrói as suas fundações.

Evoquemos todos os portugueses e portuguesas que deram o melhor de si – o sangue, a vida e a própria liberdade – para que a ditadura fosse derrubada, como veio a ser em 25 de Abril de 1974, por iniciativa do Movimento das Forças Armadas.

Um só capitão de Abril, Salgueiro Maia, eternamente querido do povo, simboliza toda a coragem do MFA que hoje celebramos, quando a Constituição da República faz 40 anos.

Honremos os deputados que foram seus obreiros, especialmente os que aprovaram o texto final, sujeito depois a várias revisões desde 1976.

Apesar de todas as alterações, muitas impostas pela direita e pelo situacionista jogo de interesses do Bloco Central, a Lei Fundamental preserva ainda um esqueleto forte e um musculado sentido de progresso que nos cabe defender como trave mestra do próprio regime democrático.

A nível local, 80 anos depois da Revolta dos Marinheiros, é ainda nosso dever evocar os quatro briosos militares da Lousã, filhos de gente humilde, que integraram esse levantamento contra Salazar, tão trágico para centenas de jovens, mas tão marcante na afirmação dos valores republicanos e democráticos.

 

É o caso do marinheiro Hermínio Martins, oriundo das Carvalhas, atual rua de Coimbra, que passou longos anos no Tarrafal, após ter participado na revolta de 1936, tendo regressado a Portugal muito doente e morrido pouco depois.

Recordemos ainda, os seus camaradas de armas Adelino Mendes, do Marco do Espinho, que morreu em Cuba, em 1975, Jorge Antunes dos Santos, natural de Cabanões, que também terá passado pelo Tarrafal, morrendo depois em França, e Ismael Fernandes “Leiteiro”, oriundo de Penela e radicado na Lousã, que morreu durante os combates.

Dos vivos, na região, não esqueçamos nunca antifascistas como Manuel Louzã Henriques, preso vários anos por razões políticas, António Arnaut, fundador do Serviço Nacional de Saúde, e Kalidás Barreto, sindicalista solidário.

Quantos de nós se lembram do caminho pedregoso que andámos para aqui chegar?

Também a União Europeia, agora espaço de liberdade, ironicamente e sobretudo para os desmandos da alta finança suja e predadora, desilude cada vez mais quem ama a liberdade e o ideal emancipador dos povos.

Milhares de pessoas que fogem da miséria, da guerra e da opressão acabam por morrer no Mediterrâneo.

O mar continua a ser o cemitério impiedoso de homens, mulheres e crianças. Muitas crianças!

E o que faz a Europa? Assina com a Turquia um acordo, um negócio desumano que empurra para trás, para bem longe das capitais europeias, as vítimas deste indescritível holocausto do século XXI.

 

Em sentido contrário, escorraçados pelos últimos governos de Portugal, tão ajoelhados perante Bruxelas e Berlim, milhares de compatriotas – 200 mil jovens, 300 mil, talvez mais… – também abandonam o país em busca de melhor futuro.

Mas, 42 anos depois do derrube do fascismo, vejamos a democracia que temos e não temos, os progressos e os retrocessos.

O emprego e o desemprego. A pobreza extrema e a pobreza envergonhada.

Por cá, o desenvolvimento e a criação de emprego, incluindo com a aposta no turismo, designadamente no chamado turismo acessível, necessitam de melhores acessos rodoviários, na região e no próprio município, além da reposição do ramal ferroviário da Lousã.

Os visitantes que procuram o concelho, os seus monumentos e belezas naturais, querem melhores vias de comunicação para voltarem de novo um dia.

Uma conhecida empresa privada de telecomunicações encetou na Lousã uma campanha de serviços de TV, Net e voz, através de uma rede de fibra de “última geração”.

A fibra ótica é realmente um enorme avanço tecnológico que deve chegar a todas as casas, desde que não moleste a imagem do concelho. E o que vemos?

O panorama é mesmo feio, com quilómetros e quilómetros de cabo aéreo, muito grosso, disseminado por todo o lado, menos na vila, onde os cabos estão enterrados. A imagem da Lousã sai prejudicada!

 

É necessário também resolver, ou pelo menos minimizar, aplicando os instrumentos legais em vigor, as inúmeras situações de prédios em ruínas, na vila e um pouco por todo o concelho.

Mais de 25 anos depois da sua criação, 10 dos quais já no novo edifício, o Museu Dr. Louzã Henriques, que acolhe um dos mais importantes espólios etnográficos da Península Ibérica, precisa igualmente de um novo impulso, para uma plena fruição pela comunidade e por quem nos visita.

Também o Castelo, que integra a Rede dos Castelos e Muralhas do Mondego, carece de uma outra atenção, tal como o espaço envolvente, cujos sanitários deveriam ser abertos ao público.

Nas ligações do nosso concelho a Coimbra e resto do país, o Governo, em funções há cinco meses, ainda não revelou o destino que pensa dar ao Ramal da Lousã.

Em Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, municípios que durante um século foram servidos pela ferrovia, é grande a exigência dos cidadãos, que aqui vivem, trabalham e pagam impostos, para que o serviço público ferroviário lhes seja urgentemente devolvido.

Não podem as populações ser condenadas a um infinito sofrimento, após mais de 20 anos de promessas e enganos.

Enquanto subscritores de uma petição à Assembleia da República, promovida pelo jornal Trevim, 8.000 pessoas exigiram a reposição da mobilidade ferroviária entre Serpins e Coimbra.

Nesta luta, o Bloco de Esquerda está, como sempre esteve, ao lado das populações.

Viva o 25 de Abril!

Viva a Lousã!

Viva Portugal!