Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Condeixa-a-Nova
Senhoras e Senhores Eleitos à Assembleia Municipal
Senhor Presidente da Câmara Municipal
Senhoras e Senhores Vereadores da Câmara Municipal
Todas e Todos os Condeixenses
Comemoramos hoje o quadragésimo sexto aniversário da Revolução dos Cravos, do 25 de Abril de 1974. Cabe-me a mim a honra, em nome da bancada do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Condeixa-a-Nova, de me dirigir nesta data a todas e todos vós.
É uma tarefa difícil, uma vez que não vivi os tempos que levaram à Maior Conquista da História recente da nossa Nação, tendo a minha vida sido sempre à sombra das suas conquistas e das suas consequências. Daquilo que Portugal foi antes de Abril, apenas sei pelo que me contaram e pelo que li, mas não esqueço a forma apaixonada como a minha professora de História do 3.º Ciclo transmitiu a mim, às minhas e aos meus colegas os acontecimentos que levaram a que em Portugal se respirasse Liberdade. E tanto que se conseguiu com essa Liberdade!
Assistimos à saída da clandestinidade de Partidos e Movimentos opostos à Ditadura e criação de uma miríade de outros, de todo o espectro político;
À implementação do direito ao voto livre e universal;
À aceitação e reconhecimento da igualdade entre os géneros, que continuam a ser ganhos e em constante evolução;
À legitimação e fortalecimento das lutas feministas;
À implementação dos direitos laborais, como o Salário Mínimo Nacional, os subsídios de Férias, Natal e outros que existem para garantir que quem trabalha e contribui, recebe o fruto desse trabalho de forma a lhe garantir uma vida digna; a jornada de 40 horas de trabalho semanais, esta última, uma luta ainda em curso pela igualdade do regime de 35 horas semanais no Estado e no Privado;
À conquista da Liberdade de Expressão e Opinião, inexistentes antes e controladas pela PIDE e seus informadores, estes extintos juntamente com a Ditadura;
Ao quebrar do lápis azul da censura e advento de uma Imprensa Livre e Isenta, pilar fundamental da democracia e informação a todas e todos os cidadãos;
Ao fim da Guerra Colonial, que ceifou a vida a tantas pessoas em Angola, Moçambique e Guiné, e cujos povos almejavam no fundo o mesmo que nós, a Liberdade;
Ao reconhecimento generalizado de Direitos Civis a todas e a todos os Portugueses;
Ao reconhecimento dos direitos dos animais;
À consciencialização para as alterações climáticas e preservação do meio ambiente;
Ao surgimento do Serviço Nacional de Saúde, no qual tenho o orgulho de trabalhar, e que é uma das maiores conquistas do Estado Português.
Falando como profissional de saúde, nesta crise que vivemos, o SNS é verdadeiramente o garante de cuidados de saúde de excelência livres e universais, a barreira entre a vida e a morte para todas e todos. Quando somos confrontados com o aproveitamento que os grupos privados de saúde tentam fazer desta crise, para cobrar ainda mais ao Estado, temos que encontrar nisso o ímpeto para, enquanto sociedade, exigirmos o reforço do Serviço Nacional de Saúde, em meios humanos, quer pelo reforço dos mesmos, quer pelo reconhecimento de carreiras dignas; nas suas estruturas que, desde a Troika e apesar de mudanças recentes, continuam a ser reféns de orçamentos baixos que colocam em causa o seu bom funcionamento e lhe imprimem uma lógica empresarial.
Esta crise que vivemos, originada na pandemia da CoViD-19, levou ao decretar de consequentes estados de emergência nacional, que têm um impacto directo nas liberdades de todas e todos os cidadãos. É um estado de excepção, que requer de todas e todos uma capacidade de resistência e perseverança acima de tudo o que fomos acostumados.
Localmente, os esforços do Município de Condeixa-a-Nova em minimizar as consequências desta pandemia na vida dos munícipes são de salientar e louvar, no entanto outras alternativas poderiam ter sido equacionadas, por exemplo, a invés de adaptar o Pavilhão Gimnodesportivo com camas, devemo-nos lembrar do Edifício do Hospital D.ª Ana Laboreiro d’Eça, esquecido ao tempo e que, numa situação de crise como a que vivemos ou outras que poderão acontecer, caso estivesse devidamente equipado e preparado, poderia dar resposta como Hospital de segunda linha ou de apoio às Unidades de Saúde Familiar de Condeixa-a-Nova, para o atendimento de casos suspeitos de CoViD-19.
Pessoalmente e por força da minha situação profissional, esta luta que enfrentamos enquanto sociedade, afastou-me do contacto directo com a minha família, e muitas e muitos mais se encontram na mesma situação. Também por força da minha situação profissional, por ser contactante diariamente com potenciais portadores da patologia CoViD-19, me dirijo a todas e todos vós por vídeo.
É pois, também por isso, que não podemos deixar de comemorar a Liberdade, numa altura em que a mesma ganha um valor que porventura não seríamos capaz de lhe reconhecer anteriormente.
Quer seja à janela cantando a Grândola, por videoconferência ou presencialmente, garantindo o distanciamento e todas as condições de segurança, todas as formas de comemorar este Dia da Liberdade são o grito de reconhecimento e agradecimento aos militares que numa madrugada de Abril de 1974 ousaram derrubar uma ditadura neste país à beira mar plantado, feito de gentes resilientes e trabalhadoras!
É também um grito de esperança num futuro em que a Liberdade estará novamente nas ruas de todo o Portugal!
Viva a Liberdade!
Viva o 25de Abril!
Viva a Portugal, e Viva a todas e todos os Portugueses!
Viva a Condeixa, e Viva a todas e todos os Condeixenses!