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Vergar a mola

“Olha, o candidato a colar o seu próprio cartaz!” - exclamou um transeunte enquanto colava um cartaz de campanha, quando fui cabeça lista à câmara pelo Bloco em 2009. Quem fez campanhas eleitorais por pequenos partidos ou listas independentes onde não se recorre a empresas para colar outdoors gigantescos que custam milhares de euros, sabe o trabalho imenso que dá levar a mensagem até ao eleitor. 

Neste tipo de candidaturas, os candidatos fazem tudo: reúnem, debatem, decidem, elaboram programas, distribuem-nos aos eleitores, colam cartazes e ouvem as queixas dos munícipes. Nestas alturas cruzamo-nos com todo o tipo de pessoas com mais ambições do que ideias, que brandem títulos de doutor (na verdade licenciados) esperando que uma brigada de escravos apareça do nada para lhes fazer a campanha. 

Há ainda quem julgue que basta criar um perfil no Facebook, contar os likes e transpô-los para votos. A experiência diz-me que cada 100 likes valem mais ou menos um voto. A importância de pessoas dispostas a “vergar a mola” não se resume à campanha, é especialmente relevante em caso de vitória. 

Não é com o pedantismo, o diletantismo ou os senadores de pacotilha que se serve os munícipes. Depois temos o reverso da medalha, gente muito mexida, arrivistas, que viram várias vezes a casaca apenas pelo poder. E desses também os há neste concelho, infelizmente.

Publicado no Dia´rio As Beiras - 16 de fevereiro de 2017