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Trabalho por turnos

Vivemos no concelho mais industrializado do distrito, onde a indústria tem maior peso na economia e onde estão instaladas empresas que são verdadeiras campeãs nacionais da exportação. No entanto, o nível de desemprego do concelho é preocupante, tal como o número de jovens figueirenses que abandonaram o concelho. 

Hoje produz-se mais com muito menos gente e arranjam-se esquemas de subcontratação com empresas cujo o único propósito de existirem é baixar os salários e precarizar o emprego. É o capitalismo moderno. O nosso concelho tem várias unidades industriais a laborar 24 horas por dia e ainda bem. Nessas unidades temos equipas de trabalhadores em regime de turnos que se revezam aproximadamente de 8 em 8 horas. Algumas dessas unidades já estão instaladas há décadas no nosso concelho e nelas operam trabalhadores com uma década, duas ou mais de trabalho por turnos. 

Hoje sabemos mais sobre este regime de trabalho. Múltiplos trabalhos científicos mostram um claro impacto na saúde destes trabalhadores: horários afetam a sua sociabilidade com família e amigos; exposição irregular à luz solar e intermitência do sono estimulam a irritabilidade e o cansaço físico; as refeições rápidas fora de horas originam problemas gástricos. É tempo de alterar a legislação e proteger a sua saúde destes trabalhadores. Os benefícios estendem-se ao empregador e à eficiência laboral.

Publicado no Diário As Beiras  - 4 fevereiro de 2016