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Quão democrático é o UKIP?

Hoje é bem mais claro que os temas que deram a vitória ao Brexit foram a questão da imigração (esta foi mesmo a questão dominante) e a aversão ao modelo social europeu, a ideia de que a UE é um espaço demasiado socialista, entre os populistas do UKIP há mesmo quem classifique a UE de comunista e de União Soviética.

Em Portugal, à esquerda houve quem se felicitasse com o caráter nacionalista do Brexit exaltando a democracia britânica. Como é sabido, no Reino Unido a democracia começa logo com a Rainha e a família real, tudo muito democrático. Aliás a Rainha de Inglaterra é também rainha do Canadá, da Austrália ou da Nova Zelândia. É só democracia…

Continuamos pela democraticidade da Câmara dos Lordes. Ou ainda pelo processo democrático que dividiu a Irlanda em dois ou pela democracia da bomba nas Malvinas. Mas, o mais curioso é que Boris Johnson e o UKIP apoiaram a imposição de medidas punitivas à Grécia, contra as decisões tomadas nas urnas pelo povo grego e opuseram-se ainda à escolha do Presidente da Comissão em função do resultado sufrágio para o Parlamento Europeu, insistindo numa escolha imposta pelos chefes de estado.

O ataque racista ao Centro Cultural Polaco de Londres é apenas um entre os ataques racistas e os insultos xenófobos que se têm multiplicado após o referendo. Conceções de democracia deste calibre, não obrigado.

 

Artigo publicado no Diário as Beiras - 30 de junho de 2016