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Pelo direito de voto aos 16 anos

O envelhecimento da população europeia, a necessidade que as alterações climáticas obrigam a projetar a política no futuro e o crescendo da consciência ambiental dos jovens patente nas várias vagas de greves climáticas, obrigam a que mais tarde ou mais cedo o direito de voto seja estendido aos 16 anos.

Em sociedades cuja média etária continua a aumentar, em parte por razões positivas, como a melhoria e maior universalidade da saúde e por razões negativas como a baixa natalidade, é essencial que cuidemos da proporção cada vez maior de idosos, mas também que deleguemos maior poder de decisão para as gerações mais novas. 

Sob pena de, daqui a 20 ou 30 anos, perdermos ainda mais a nossa capacidade de implementar políticas visionárias e progressistas. Um dos meus maiores receios é que o discurso do “dantes é que era bom” domine o espaço público, estrangulando os anseios da cada vez menor proporção de jovens das nossas sociedades. 

A 16 de março, Vasco Pulido Valente deu um exemplo do que poderá ser esse futuro senil, quando classificou os jovens que participaram na recente greve climática de possuírem um encéfalo de plástico.

Serão os jovens de hoje e de amanhã, que irão pagar a pesada fatura climática das gerações do século XX e XXI: as alterações climáticas; a excessiva dependência de combustíveis; a poluição do diesel; o excesso de plástico nos oceanos; os campos e as reservas de água infestados de pesticidas; um parque de centrais nucleares envelhecidas a caminhar para podre; e depósitos gigantescos de combustível nuclear que só deixará de ser perigoso daqui a 400 mil anos.

As greves climáticas que ocorreram, em toda a Europa, foram uma demonstração de que os jovens querem tomar o controlo do seu futuro. Têm todo o direito de o exigir. O voto aos 16 anos será um belo passo para delegar aos jovens uma quota de responsabilidade que exigem e que merecem totalmente que lhe seja atribuída.

Publicado no  LUX24 - 1 de abril de 2019