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Despedimentos na Cimpor e encerramento de fábrica na Figueira da Foz

A multinacional Cimpor, detida maioritariamente pela brasileira Intercement, anunciou no espaço de quatro meses a intenção de despedir 210 trabalhadores, em Portugal. Em outubro, quatro meses após a finalização da OPA, a Cimpor anunciou o despedimento de 60 trabalhadores. Agora, em fevereiro, a comunicação social anuncia a decisão da cimenteira de despedir mais 150 trabalhadores e de fechar a unidade industrial da Figueira da Foz, no dia 15 de março.

O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda está extremamente preocupado com a estratégia de cortes adotada pela Intercement e com o silêncio cúmplice do Governo. O presidente da Intercement garantiu, em junho de 2012, que não iria efetuar qualquer redução nos efetivos em Portugal. Passados apenas quatro meses pediu a Daniel Proença de Carvalho, presidente do conselho de administração da Cimpor, para mandar sessenta trabalhadores embora. Na altura, o ministro da economia limitou-se a dizer que estava a acompanhar a situação e nada fez para a impedir.

Volvidos mais quatro meses, a Cimpor anuncia a intenção, através da comunicação social, de despedir mais 150 trabalhadores e de encerrar a unidade industrial da Figueira da Foz, onde trabalham 28 trabalhadores.
No total, a Cimpor já reduziu 20% dos seus trabalhadores em Portugal, em menos de um ano. O desemprego aumenta, a estrutura produtiva nacional fica mais débil, enquanto os acionistas da Cimpor continuam a obter elevadas rentabilidades.
Este é igualmente o resultado mais visível do processo de privatização da empresa, iniciado em 1994 por Cavaco Silva e finalizado em 2012 por Pedro Passos Coelho. A Cimpor é uma das maiores cimenteiras do mundo, geradora de riqueza e de milhares de postos de trabalho. A sua privatização transferiu aquilo que era de todos para as mãos de uns poucos. Os resultados estão à vista: o emprego desaparece, ao mesmo tempo que a empresa se deslocaliza lentamente para fora do país, corroendo as receitas fiscais do Estado.

Para o Grupo Parlamentar Bloco de Esquerda é urgente parar o processo de despedimento em curso e garantir que a Cimpor não despede mais nenhum trabalhador em Portugal. Não há nenhuma razão financeira para a empresa despedir. Na última apresentação de resultados anuais, relativos a 2011, a Intercement anunciou um lucro de 110 milhões de euros.

Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio dirigir ao Governo, através do Ministério da Economia e do Emprego, as seguintes perguntas:

1. Tem o MEE conhecimento desta situação?

2. Que medidas vai o MEE aplicar tendo em vista a proteção dos postos de trabalho dos trabalhadores da Cimpor?

3. O MEE foi informado previamente da intenção da Cimpor de despedir 150 trabalhadores e de encerrar uma fábrica na Figueira da Foz?

4. Qual a posição do MEE relativamente à quebra da promessa efetuada pelo presidente da Intercement, que garantiu não efetuar nenhum despedimento em Portugal?

AnexoTamanho
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