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Ouvir o povo

A Assembleia Municipal extraordinária dedicada ao novo PDM voltou a revelar a dificuldade, quer deste Executivo, quer da força maioritária na Assembleia, em lidar com processos de amplo debate democrático. Há um receio em dar a cara e ouvir o povo em debates públicos potencialmente polémicos. 

Obviamente que não é fácil encarar uma plateia para discutir o PDM, sobretudo quando já sabemos que a única motivação de alguns presentes será o interesse próprio, como construir uma “maison” em terreno agrícola, ou outras atrocidades semelhantes. 

Ninguém disse que era fácil, mas também ninguém obrigou os eleitos a se apresentarem a eleições. Foram eleitos para os momentos simpáticos, inaugurações com grande pompa e porco no espeto, mas também foram eleitos para lidar com debates difíceis como é este do PDM. Não serão momentos agradáveis, mas é também para isso que foram eleitos e são pagos pelo erário público.

Por exemplo, entre as questões muito concretas a que este Executivo terá que responder está a dentada que o PDM vai permitir ao que resta do corredor verde que segue o curso de água que vai da serra e atravessa as Abadias, permitindo construção sobre os terrenos do horto municipal. 

Em vez de valorizar e desenvolver aquela linha natural que poderia contribuir para aumentar o bem-estar coletivo, constatamos que o interesse de uma grande superfície se sobrepõe ao interesse público.

Publicado no Diário As Beiras - 6 de abril de 2017