Share |

Microcredibilidade

O ex-primeiro ministro, Passos Coelho, em visita à empresa figueirense Microplásticos, achou por bem dissertar sobre as hipotéticas sanções a aplicar pela Comissão Europeia a Portugal por défice excessivo, ironicamente da responsabilidade do próprio Passos. Segundo Passos Coelho, se ainda fosse primeiro ministro, as sanções não estariam em cima da mesa, supostamente porque o atual governo tem menos credibilidade que o anterior governo de Passos.

Em primeiro lugar, estas declarações (tal como as da ex-ministra das finanças) são graves, porque deixam no ar que a Comissão em vez de se cingir à objetividade dos números teria em conta outros critérios políticos, ou seja, como o partido de Passos Coelho integra o PPE (Partido Popular Europeu), partido do Presidente da Comissão, Portugal escaparia às sanções.

Esta é a visão europeia de Passos Coelho e de grande parte do PPE, como a da CDU alemã ou ainda do trabalhista Dijsselbloem, onde as vinganças políticas e o populismo dos tablóides do norte contra os preguiçosos do sul (os tablóides do sul não são melhores que os do norte) se sobrepõem a uma consciência de união, que deveria ser o cimento do Projeto Europeu.

Quanto à questão da credibilidade, não esquecemos o mítico trio da JSD formado por Passos Coelho, Paulo Pereira Coelho e Miguel Relvas, o seu percurso coletivo e individual, um verdadeiro mimo de credibilidade.

Publicado no Diário as Beiras - 7 de julho de 2016