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Mandela

Numa semana intensa, com notícias enganosas, como a da reestruturação da dívida proposta pelo governo, ou simplesmente más, como o ataque aos professores ou a anunciada desistência dos Estaleiros Nacionais de Viana do Castelo, houve uma que se sobrepôs. Refiro-me evidentemente à morte de Nelson Mandela.

Há poucas pessoas no mundo cuja vida tenha marcado tanto os nossos destinos. Mandela ensinou-nos muito, viveu muito, lutou muito. Uma vida tão longa e maior parte dela foi passada a lutar, se não mesmo toda ela.

Em 1964, aquando do seu julgamento, Nelson Mandela declarou-se inocente em relação às acusações que lhe foram feitas, mas culpado por lutar pelos direitos humanos e por atacar leis injustas. Este episódio concentra o que foi a sua vida e o que é o seu legado. A Mandela não devemos apenas as homenagens e as memórias, devemos saber merecê-lo.

A justiça, a igualdade e a liberdade foram o caminho que escolheu. Nunca foi neutro, esteve isolado durante décadas e foi mesmo acusado de ser terrorista por líderes de países como Thatcher e seus aliados. Pagou um preço muito alto por essa defesa intransigente de que as pessoas devem ser tratadas como pessoas.

Na sua autobiografia escreveu: "a verdade é que não somos ainda livres; alcançámos apenas a liberdade de sermos livres, o direito a não sermos oprimidos. Não demos o último passo na nossa estrada, mas sim o primeiro de uma estrada ainda mais comprida e difícil". Nos tempos que correm, sabemos bem que o caminho é ainda bem longo. Precisamos de continuar a resistir, mas também a desobedecer enquanto tivermos pela frente leis injustas.

Com Mandela foi um bocadinho de todos nós, mas é por causa de Mandela que hoje podemos e devemos ser mais nós.

As Beiras,  7 de Dezembro de 2013