Share |

Festas da cidade devem manter o atual figurino?

Não. As festas merecem um esforço maior para envolver as forças vivas da cidade, poderiam ser uma montra privilegiada para todas as expressões culturais da cidade, do teatro às filarmónicas. No figurino atual, as associações socioculturais são meramente solicitadas para participar nas marchas populares. 

Como as marchas populares estão datadas, já não vivemos no tempo da Dona Rosa e do Evaristo, é exigido um esforço considerável às associações para poderem atrair gente (nem me atrevo a escrever jovens) para preparar o desfile de cada ano. O que temos assistido é a uma penúria participação e a queixas recorrentes das associações que conseguem apresentar uma marcha. 

Já aqui escrevi que preferia que o desfile, em vez de se limitar às marchas, poderia integrar filarmónicas, grupos corais, carros de som com DJ’s locais, etc. Seria uma oportunidade de fazer participar os mais jovens e não nos limitarmos a um momento de saudosismo cada vez mais longínquo do Pátio das Cantigas e da Canção de Lisboa. 

Mais um reparo. Não há problema nenhum se as festas da cidade tiverem a sua pitada de música popular, como disse o Maestro Vitorino de Almeida: “por vezes sabe bem um fino e um pires de tremoços”. No entanto prefiro cantores populares assumidos, que adaptaram temas compostos por outros e não interpretes postiços, que se fazem passar por compositores para disfarçar uma patente falta de qualidade.

Pubicado no Diario as Beiras - 16 de junho de 2022