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Desemprego, precariedade e biscate

Esta semana, foram conhecidos os números do desemprego do distrito de Coimbra. A parte boa é que o desemprego desceu desde 2012. A parte má é que o desemprego mais alto do distrito é o do concelho da Figueira, ligeiramente acima da média nacional. 

Paradoxalmente, o contexto deste desemprego é o de um concelho com um bom nível de industrialização e de oferta de postos de trabalho por preencher. As estatísticas também dizem que há um êxodo dos jovens do concelho e envelhecimento da população. 

Há vários fatores que explicam este cenário, mas há um fator dominante, no meu entender: o esquema de subcontratação. As principais empresas subcontratam outras empresas para não pagar salários por inteiro e para poderem dispensar trabalhadores sem ter de os despedir. 

O resultado deste esquema é uma massa permanente de desempregados intermitentes, precariedade, falta de perspetiva de progressão de carreira, impossibilidade de construir projetos familiares duradouros, etc. Não admira que os jovens saiam do nosso concelho e que não preencham as vagas de emprego precário.

Mas o pior está para vir. A Ryanair e a Amazon já nos mostraram como o capitalismo selvagem pode triturar os trabalhadores impunemente. A Uber vai mais longe e tenta legalizar o seu modelo laboral do biscate. A nível local, podemos verter muitas lágrimas de crocodilo. Mas também podemos agir.

Publicado no Diário As Beiras - 23 de novemrbo de 2016