Share |

Contra a natureza

Após a seleção do projeto vencedor do concurso para a requalificação da praia, sabemos mais sobre a orla costeira, sabemos mais sobre a diminuição, a dinâmica e a importância do transporte de areia ao longo da nossa costa. Sabemos mais sobre os riscos e desafios, que nos colocarão as alterações climáticas. Sabemos mais sobre os efeitos da extensão dos molhes à entrada do Porto da Figueira, sobre a acumulação de areia a norte e a erosão costeira a sul.

Entretanto, a situação agravou-se e o mar tem entrado terra adentro e ameaçado terras e pessoas da margem sul. Hoje conhecemos todos estes fatores que não foram incluídos nos termos do concurso, nem previstos pelo projeto vencedor.

Acresce que conhecemos mais sobre possíveis soluções para os problemas costeiros do concelho, sobre a importância da praia e das dunas na defesa da costa, sobre as soluções de transporte de areia para responder a desequilíbrios entre escassez e excesso de areia entre as duas margens.

Sabendo tudo isto e sabendo também que a construção prevista (embora em versão reduzida) no projeto de requalificação da praia poderá ser incompatível com as algumas das soluções do Grupo de Trabalho do Litoral, porque é que se mantém estoicamente o projeto, sobretudo se essa construção enfrentará inexoravelmente a própria natureza (mar, temporais, etc.) e a aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente?