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Cheias absolutamente normais

A gestão das descargas da Barragem da Aguieira de 11 de janeiro não pode ficar envolta numa espessa nuvem de fumo, tendo sido justificada pela EDP e pela APA (Agência Portuguesa do Ambiente) como uma “situação recorrente” em períodos de grande precipitação. É importantíssimo que o protocolo que a EDP tem com a APA para a gestão da barragem seja conhecido e os dados registados durante esse período - em estações hidrométricas e de registo de precipitação - sejam verificados à luz desse protocolo, para sabermos com a maior exatidão possível onde se registaram as falhas. Só depois concluiremos se foi uma “situação recorrente” ou não.

Seria muito preocupante considerarmos recorrentes os estragos provocados Mondego abaixo de Coimbra à Figueira. Depois da notável recuperação do Mosteiro de Santa a Clara-a-Velha, em 2008, de um estado de abandono lamentável, depois de um trabalho de engenharia extraordinário que nos devolveu o espaço onde viveu a Rainha Isabel de Aragão (Rainha Santa), onde se celebrou o casamento do Rei D. Duarte com Leonor de Aragão, depois deste esforço exemplar vamos considerar recorrente a inundação do mosteiro? 

O plano de gestão da barragem prevê ou não o estado de assoreamento do rio Mondego? Gere-se uma barragem ignorando o estado leito do rio a jusante? O que diz a APA sobre os avisos de assoreamento lançados anteriormente pelas câmaras?

Publicado no Diário As Beiras, no dia 21 de janeiro.