Um PDM para o meu quintal

O PDM (Plano Diretor Municipal) é um instrumento coletivo de gestão do território. Debater o PDM é um daqueles raros momentos que exige pensar no bem comum e não apenas naquilo que nos dá jeito. Em particular, a Figueira já tem experiência suficiente acumulada de opções perversas e criminosas que foram tomadas aproveitando os pontos fracos do PDM e, pior ainda, as almas fracas que por uns milhares se venderam. 

O novo PDM terá obrigatoriamente que estar blindado a estas práticas, não podemos deixar que se repitam os anos de construção desregrada. Ainda hoje andamos a pagar os devaneios desses tempos.

A agitação que se gerou à volta do PDM é positiva. É positivo que o debate seja o mais alargado possível. Mas quem está atento às primeiras intervenções já reparou num padrão que se está a desenhar. Trata-se de um conjunto de reivindicações de caráter egoísta, de definição do PDM quase à escala individual, um PDM à la carte para cada quintal. 

Obviamente que há zonas do nosso concelho onde faz todo o sentido alterar o PDM para construção de nova habituação, mas na maior parte dos casos isso não se justifica. Pior, remete-nos para práticas do maior desrespeito pelo ordenamento do território, ignorando que existe uma percentagem considerável de imóveis vazios no concelho, alguns prontos a habitar e outros perfeitamente recuperáveis.

Publicado no Diário As Beiras - 30 de março de 2017.