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Transição ecológica e social

A Taxa Carbono, que incide sobre os combustíveis ,  uma das medidas previstas na transição ecológica da França, no âmbito do Acordo de Paris sobre o clima, cujo objectivo é evitar que a temperatura média da Terra ultrapasse os 2º C acima da média da temperatura do século XX. Foi o anúncio da aplicação desta taxa que desencadeou o movimento dos coletes amarelos.

Atualmente, Nicolas Hulot é o francês melhor colocado nas sondagens sobre as preferências políticas dos franceses. É a prova que os franceses estão de acordo com a transição ecológica, mas não da transição proposta por Macron.

Uma das primeiras medidas implementadas por Macron foi um bónus fiscal ao 1% dos franceses mais ricos de cerca de 4,5 mil milhões de euros. Destes, 0,01% dos franceses mais ricos tiveram um bónus de 1,27 mil milhões euros.

Sabemos que é deste meio que vem Macron. Que se tornou milionário através de uma operação bolsista, de um dia para o outro, que não estava associada a qualquer processo produtivo. Macron não desiludiu os seus e começou a governar para os franceses do topo da pirâmide.

Apenas depois da saída de Hulot do governo, Macron se decidiu pela implementação da transição ecológica. Mas começou mal, sem prever a dificuldade daqueles que vivem dos rendimentos do seu trabalho com dificuldade para esticar o salário até ao final do mês.

Macron não aumentou a oferta de transportes públicos nem o apoio à troca de viaturas a diesel por viaturas elétricas ou híbridas, antes de anunciar a Taxa Carbono.

Apesar de os protestos dos coletes amarelos terem começado pelo aumento dos combustíveis, é hoje claro que os franceses percebem que a transição ecológica é necessária.

A transição não pode é ignorar os franceses que vivem com mais dificuldades e esperar que contribuam para a transição ecológica tal como os setores mais favorecidos. A transição terá que ser também social.

Publicado em LUX24 - 10 de dezembro de 2018