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Respeitáveis Banqueiros Suíços

O banco UBS (União de Bancos Suíços) foi condenado pelo estado francês a pagar uma multa de 4,5 mil milhões de euros por evasão fiscal. Uma decisão desta dimensão é inédita, mas fundamental nos tempos que correm.

O UBS é maior banco do mundo especializado em gestão de fortunas. Desde 2004, a UBS ofereceu à sua clientela francesa um serviço que permitia escapar às suas obrigações fiscais, através de montagens complexas. Pelo menos 3900 clientes recorreram a estes esquemas montados pela UBS para fugir ao fisco.

O UBS não foi o único banco suíço a recorrer a este tipo de práticas, a filial suíça do banco britânico HSBC ficou célebre pela perseguição que lançou a Hervé Falciani, um ex-funcionário que resolveu denunciar as práticas criminosas da instituição, justamente práticas de evasão fiscal organizada.

Foi graças ao mesmo Falciani, exilado em Espanha, que o estado espanhol teve acesso à lista de clientes milionários que fugiam às suas obrigações fiscais em Espanha e no resto do mundo.

Em França, a sentença foi contestada por respeitáveis banqueiros suíços que, escandalizados, argumentavam ser falso que os seus gestores de fortunas tivessem atuado em solo francês, não tinham saído da Suíça, logo o direito francês não se poderia aplicar na Suíça.

Ou seja, os gestores de fortunas podem roubar à distância, mas não à queima-roupa… O argumento não colhe, até porque há provas físicas de atuação dos gestores em território francês.

Seria agora interessante que os restantes estados lesados, entre os quais se encontra Portugal tomassem iniciativas semelhantes.

Faria bem à economia nacional e moralizaria os respeitáveis banqueiros suíços, bem como os respeitadíssimos investidores nacionais que tinham na sua carteira de clientes.

Publicado no LUX24 - 25 favereiro de 2019